quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Não confio:

- Em pessoas que me mandam emails às 8h28 da manhã - a essa hora dorme-se, mesmo que já se ande na rua. Esta minha ainda curta experiência profissional já me permitiu constatar que os emails que me enviam antes das 10h30 são, no geral, carregados de ódios, desaforos e raciocínios imponderados e inconsequentes. E tomarmos um cafezinho antes de começarmos a trabalhar? E respirarmos fundo durante 10 segundinhos antes de escrevermos coisas bárbaras?

Mutatis Mutandis

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Amesterdão

Habemus Hotel, muito graças a mim, que sou uma pessoa preocupada (e sem pontinha de vontade para trabalhar). E às tantas já me estava a fazer uma certa confusão estarmos a um mês da viagem e ainda não termos um tecto. Ali a nossa amiga CP não admite, mas por ela era "chegar lá e logo se vê".

Next step: Adquirir esta coisa fantástica, que se vai substituir à minha (pouca mas esforçada) capacidade de persuasão para visitar pontos turísticos essenciais (onde eu - veja-se a loucura - incluo museus). Se está no guia, temos que ir. É aquilo a que podemos chamar "a mão invisível do guia".

Mutatis Mutandis

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Vais pá onde

As VaisPáOnde e companhia vão, desta feita, perder a cabeça e experimentar um destino para o qual, uns anos antes, diríamos não estar suficientemente preparadas. Julgamos ser necessário alguma maturidade e clareza de espírito para lidar com experiências que no nosso Portugal não fazem parte das nossas vidinhas.
Ora Amesterdão, local onde tudo é legal e bem visto, a modos que implica desde logo uma certa solidez de convicções, que à partida reconhecemos poder quebrar mas com moderação e cuidados redobrados de forma a limitar consequências. Os bolinhos que fazem ver coisas ou o chá de canabis estão para Amesterdão como os ovos moles estão para Aveiro. Alguém vai a Aveiro só para ver o Forum ou andar de barquinho nos canais da cidade? Não. Uma pessoa vai a Aveiro, come uma barrica de ovos moles e depois dá um saltinho ao Fórum e aproveita o dia de sol para dar uma volta nos barquinhos. No fim do dia, e para o resto da vida, recorda com saudade da barrica de ovos moles classificando a cidade no seu todo como bonitinha, agradável ou fofinha. Desconfio que em Amesterdão tenderá a seguir-se o mesmo tipo de lógica.  Ainda nenhuma iluminada tentou perceber qual o tour turístico a seguir na cidade da red light: "logo se vê" que é como quem diz "na viagem de avião delineamos um plano e decidimos quais os monumentos a registar fotograficamente".
Neste tópico de monumentos, levantar-se-á com certeza um problema: eu odeio que me chulem 15 euros e 3 hora de espera para ir ver estátuas e quadros. Dá-me mesmo nos nervos. Ora para as restantes iluminadas desta viagem a coisa justifica-se..a menos que eu jogue bem duro e as faça perceber o que de tão belo poderíamos fazer com os 15 euros e as 3 horas.. Quanto mim, segue-se a mesma estratégia seguida no Louvre e noutros que tais: 3 fotos - uma à fila, para justificar não ter entrado; uma aos polícias, por tradição; e uma ao monumento em causa, para mostrar à mãe.

O que de mais bonito têm estas viagens não é preciso pagar para ver. Está na cultura gratuita que se experiencia, que vai desde o momento de check in no hotel, ao ambiente do café ou no simples movimento das ruas. Quando eu quiser muito ver a Mona Lisa, e principalmente perceber a história que rodeia o quadro, faço confortavelmente uma pesquisa google.

ceteris paribus

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Olha agora!

Não gosto que falem comigo em modo imperativo. Não é coisa de agora nem tem um âmbito subjectivo determinado, refere-se a toda a comunidade. Para a coisa correr bem e eu andar aí feito borboleta saltitante a fazer tudo e de boa vontade, uma ordem tem que ser sempre precedida de um pedido.
“Podes fazer…?“, "Não te importas de ir…?” são expressões bem mais simpáticas e frutíferas do que “Faz” e “Vai”.
Não deixo de estar consciente das consequências de não fazer ou de não ir, amigos e pais e chefes e mundo!
Vai daí, outra coisa que também me provoca (senão mais até) comichões é a proibição – aquela proibição soberana e autoritária que, desacompanhada de qualquer explicação, se abate sobre o nosso pequeno céu.
Eu tinha um pequeno céu azulinho, de seu nome “livre acesso à internet no trabalho”.
Trabalhava, fazia o que me competia e mais além e, quando os astros assim o permitiam ou era imperiosa alguma descompressão, ia dar uma jogadela ali no separador ao lado.
Pois esse céu ficou cinzento. Deixei de ter acesso a sites de jogos e pon-to fi-nal.
Eu compreendo a intenção, que até compreendo, mas uma coisa era ter sido sempre assim e eu não saber viver de outra maneira, outra é virem mudar as regras a meio do jogo.
Estou com falta de produtividade, por acaso? Não me parece que seja o que vos apraz dizer para justificar esta boa nova do acesso restrito à internet, por isso sinto-me legitimamente lesada num direito (há muito) adquirido.
Uma pessoa começa a trabalhar em determinadas circunstâncias e condições e, de repente, mudam-lhe assim a vida. Vou gostar mais de trabalhar agora, é? Cada 10 minutos que eu perdia (no meu ponto de vista ganhava) no snooker online vão agora ser utilizados a produzir coisas brilhantes?
Andam por aí a cortar subsídios aos funcionários públicos, a impôr mais meia hora de trabalho aos do privado e a mim, que sou um ser híbrido não especificado, tiram-me os jogos online para não me ficar a rir. Certo.

Mutatis Mutandis

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

It's a new day, It's a new start

Acordei, olhei para o relógio, que me mostrou umas 8h30 e, convencida de que era sábado, virei-me para o outro lado e pensei: "vou poder dormir até não conseguir mais, que coisa-maravilhosa-que-nem-sei-se-mereço".
Acto contínuo, alguma coisa no meu subconsciente começou a alertar-me que "às tantas não é bem assim". Os 2 neurónios disponíveis começaram a processar o incidente e eu percebi, finalmente, o meu grande equívovo: não é sábado coisa nenhuma, é quarta-feira, vais ter que te levantar e ir trabalhar como fazem as pessoas crescidas.
E então, durante longos e lentos 5 minutos, estive a tentar perceber que raio de confusão foi aquela, como pude alhear-me tanto da realidade. Pronto, e percebi: é que não é costume - não que seja assim tão inédito, mas enfim, não é prática habitual - eu beber álcool a uma terça-feira em quantidade que, não sendo muita, que não foi, é suficiente para não ser concebível assumir-lhe as consequências em pleno dia de lavoura.
Ou seja, na minha cabecinha, muito racional, só podia ser sábado. E sendo sábado, vamos lá então curtir calmamente o vinho que se bebeu ontem. Ah, então afinal é quarta-feira, aguenta-te à bomboca.
E bebeu-se vinho a uma terça-feira em virtude de um acontecimento em tudo esotérico. Ontem, pela primeira vez nesta minha vida onde tudo o que se consegue é sofrido, repetido e cansativo de tão esmiuçado, consegui fazer uma coisa à primeira. Assim mesmo, à primeirinha tentativa. Sem ter que repetir, sem ter que me chatear, sem ter que dizer mal da minha vida, sem chamar nomes bonitos a meio mundo.
O acontecimento é tão surpeendente que provocou em mim uma sensação nova, nunca antes experimentada. É que nem a carta de condução eu consegui tirar sem ter que repetir a porcaria do exame de condução por causa não de um muro, não de um stop, não de uma passadeira, mas de um sinal que decidiu ficar não vermelho, mas amarelo. Sim, eu chumbei porque cometi a loucura, a imprudência de não travar bruscamente para ficar a contemplar o amarelo. Esta situação é uma alegoria ao azar que tenho em tudo.
Por isso é que, depois de constatar esta manhã que afinal não ia poder dormir alarvemente, alentou-me a certeza de que estou a começar uma nova fase, boa por definição, fantástica pela vitória que foi alcançá-la depois de 2 anos de luta e muitos desesperos, e não pude deixar de sorrir interiormente (e suponho que até exteriormente) e levantar-me com toda a energia e vontade de enfrentar mais um dia de trabalho que não deixa de ser um primeiro dia de trabalho.

Mutatis Mutandis