quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

No que me diz respeito, neste blog não têm lugar as prosperidades da vida. Sabemos que não. Por uma simples razão: não vou para casa dedicar-me a dedilhar sobre as maravilhas que acontecem no mundo. Em casa tenho com quem falar, as novelas da Sic e toda uma blogosfera para explorar. Como o trabalho também não deixa grande espaço para espalhar magia ao mundo, venho aqui quando já estou em ponto de rebuçado. Quando mais um "ai" e a mãezinha de alguém é chamada à colação.
Este é um desses momentos, por isso refugio-me neste excelente canalizador de raiva. Excelente na medida em que me permite manter a postura, não mandar pessoas à merdinha e por isso manter o meu posto de trabalho, distrair-me um pouco e arrefecer os fusíveis.
Lidar com pessoas é um desafio, no geral. Mas com pessoas com grande lata, tendências sopeiras, sem grande carácter mas com a mania que são as maiores da sua terra, é um tormento. O que me apetece fazer quando essas pessoas me presenteiam com as suas pérolas limita-se a duas palavras, ambas com hífen, seguidas de um gesto universalmente entendido como "desaparece da minha frente durante dois anos". Mas o quê que eu faço mesmo? Fico atónita, o que por vezes ainda me permite emitir uma breve opinião menos abonatória sobre a situação e por arrasto sobre a pessoa, mas a maior parte daz vezes bloqueia-me as faculdades de discernimento de tal forma que o mais que consigo fazer é calar-me. E fico como quem engoliu um vulcão em erupção. 
Hoje as idiotices foram majestosas. Um pequeno exemplo: a pessoa que exprime a sua indignação perante a situação do polícia, aquele bandido, que multou um condutor que ia a falar ao telemóvel, que falta de ter-que-fazer, um imbecil, duas frases à frente considera cívico, honroso, exemplar, um grupo de estudantes de uma Faculdade de Direito ter "enforcado" um coelho (ou uma lebre) como forma de manifestação contra a governação do país.
E assim fica traçado o perfil da pessoa de quem falo, mais palavras só viriam atrapalhar.
Eu que me amanhe a saber lidar com isto.


MM

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

a cadela fofinha, os coitados dos moços e os bófias no comboio para o Porto

Aproveito o momento para partilhar os meus sentimentos com os 5 coitados que lêem esta espécie de blog (nos quais se incluem a mutatis mutandis e eu...quer dizer, se calhar a MM não lê frequentemente ... portanto somos 4!).

Ora sobre a cadela fofinha nada tenho a declarar. Nem sou muito adepta de animais e sempre me disseram que se não me meter com eles, eles não se metem comigo (por experiência própria tenho meia dúzia de argumentos que contrariam a tese mas isso é discutível e num blog não há discussão de ideias mas sim a exposição da ideia da blogger).

Sobre os restantes intervenientes da história, que hoje andou na boca do povo, tenho mais qualquer coisita a dizer. Mas não muita porque, na verdade, é mais do mesmo. Ora que dois rapazes e um povo enfurecido e atrasado para os seus afazeres se depararam com dois guardas, que nada mais tinham para fazer se não zelar pelos interesses da CP, e dedicaram a sua manhã a dar porradinha. O povo alega uma desmesurada reacção dos bófias perante dois jovens que não pagaram o bilhete do cão fofinho. A GNR alega que os jovens injuriaram e agrediram um dos elementos fardados, enquanto procediam ao que lhes pagam para fazer nestas situações-  identificar e dar aquele ar de"tenham juízo e da próxima paguem o que devem. 

Ora, olhemos assim de repente para o que é prática neste mundo e concluamos sobre qual das versões tem maior probabilidade de ser a correcta... humm.. continuemos a olhar... mais um pouco.... e chega de olhar porque quanto mais olho mais nojo me mete.

F***-se não me lixem. Claro está que os miúdos e o povo enfurecido desataram a enxovalhar as mães dos bófias, e os próprios, e dali segue um empurrão para fora do comboio, e dali se segue uma resposta física ao empurrão e vai dali, caiu chapada da grossa.

Se quanto à possibilidade de haver uma relação amistosa com os animais é discutível, sobre miúdos mal educados e povo que vê no bófia o normal saco de boxe, não há discussão possível. Defendo a porradinha da grossa quando se acha que o bófia tem de ouvir e sentir calado  injúrias, pedradas e qualquer agressão de qualquer tipo.

ceteris paribus

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Esteja no céu quem inventou o gel desinfectante

no meio de uma vida que deve muito ao "saudável" vou tentando manter o que eu chamo de "uma espécie de desporto" (outros não lhe reconhecem essa classificação mas tudo o que faça soar é, para mim, desporto). "Uma espécie" deve-se ao meu grau inicial na coisa.

Um dia lembrei-me de me aventurar nas danças de salão. À partida previa-se ser coisa para não me cativar fidelidade.

Eu sempre fui a moça da aldeia que não dança nos arraiais da aldeia (um ser estranho e anti-social, para os demais da aldeia, portanto). Essencialmente porque me derreto em vergonha só de pensar na hipótese.

Também sempre fui um pouco avessa a suores alheios.

Continuo a dar-me mal com suores alheios e o gel desinfectante para as mãos podia rapidamente ser usado como gel de banho se eu não achasse que aquilo me dava cabo da pele.

O contacto físico  com pessoas cujo nome desconheço e que podem ter uma idade compreendida entre os 18 e os 60 não se torna algo irrelevante, como uns e outros "prós" podem profetizar. Dançar cha cha cha com um senhor de 60 anos não tem problema. Já dançar bachata, kizomba ou tango é esquisito e tira-nos a vontade de acharmos que podemos dar um ar sexy à coisa. Mas fenómeno giro é que é mais fácil dançar com um homem desinteressante (fisicamente falando) do que um homem que nos mexe com o sistema. Com um homem desinteressante não há nada que se mantenha na cabeça a não ser o conseguir adivinhar e seguir os passos que ele vai decidindo. Com um homem "interessante" outras coisas nos assolam a mente, e os passos e os pés acabam por se perder, como "ai cheira bem", "ai não me agarres desse jeito", "ai não me ponhas as mãos nas costas, estou a escorrer suor", "ai não me olhes assim", "ai a fivela dos sapatos não está a combinar com a cor dos meus olhos", "aiiiiii tirem-me daqui que já não sei se devo inspirar- expirar, ou ao contrário..esqueci-me de como se respiraaaaa".

Mas no fim da aula, doí-me tudo menos a alma e (também por esse facto tão característico de quem faz desporto) sinto-me orgulhosa  por me manter fiel à prática que- veja-se a cereja no topo do bolo - se faz de saltos altos. A seguir, só um cigarrinho e uma quantidade simpática de gel desinfectante nas mãos para me dar como uma tipa satisfeita.

ceteris paribus