quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

2013

Já passou? Já está? De certeza que não me estão a endrominar? Bonito.
Ora, tirando um ou outro aspecto, 2013 foi igual a 2012, que foi igual a 2011, que foi igual a 2010. E 2010 foi há dois dias, não percebo como me podem dizer que estamos a escassos dias de 2014.
Em 2013 tive as mesmas chatices que tenho há três anos. O que é bom, quer dizer que não se acrescentaram outras. Saudinha, trabalhinho, dinheirinho para a renda e para a côdea, pessoas de bem com a vida à minha volta (mesmo que gostemos todos de carpir um bocadinho).
De estranho, só mesmo a estreia do colete amarelo. Fui alvo do entretenimento de 2 ou 3 jovens que, num Domingo à noite, entediados com a vida, decidiram ir para a autoestrada atirar pedras para cima dos carros. O meu vidro partido e o meu grande susto devem ter valido 500 pontos. A senhora do carro que vinha atrás de mim, também atingido, estava grávida, por isso deve ter valido 1000 pontos.
Também gostei muito, duas semanas depois daquele episódio, de ter accionado a assistência em viagem depois de o meu carro ter desfalecido à entrada de um parque de estacionamento de um hotel. Vá lá que foi num hotel de 4 estrelas. Tudo com o simples intuito de andar de reboque, um sonho de criança. 
Duas coimas (que me lembre e que eu saiba) por estacionamento exemplar - em 358 dias de infracções não está nada mal. 
Tentei inscrever-me num curso de costura. Mas a entrevista (aquilo não foi um simples telefonema, foi uma entrevista) não correu bem. Quem não conhece a revista burda não merece andar neste mundo. Está bem que vou à costureira para me pregar um botão (sob o falso pretexto de não ter linha daquela cor em casa), mas todos nós, um dia, tivemos que aprender o alfabeto e a contar até 10. Mas pelos vistos, para frequentar um curso de INICIAÇÃO à costura, pago a preço de ouro, é preciso ter no currículo pelo menos duas colecções de Inverno e uma de Verão nas passerelles de Paris..
Tive um final feliz num percurso de uma década e um aumento prometido (não sei de quanto mas há-de ter início em 2014. Se um dos primeiros posts do ano for sobre esta temática, é porque alguma coisa correu muito mal).
Para 2014 pedia só que não me chateassem muito. Desisti das cuecas vermelhas, cor-de-rosa ou douradas no 1.º dia do ano. Este ano hei-de vestir as cuecas mais velhas que lá tiver. Também não faço questão de comprar roupa nova para a passagem-de-ano. E as passas, eu odeio passas, que se lixem as passas.
Objectivos para o próximo ano: Ter mais juízo. Começar uma pós-graduação ou um mestrado, onde me aceitarem primeiro mas nunca antes de me inscrever num curso de costura (para avançados, agora que já sei o nome da bíblia das agulhas). Beber menos. Ou pelo menos tentar não beber tudo na mesma noite, está visto que o mundo não acaba assim tão facilmente. Mais trabalho. Do escravo não, do outro, pago com alguma justiça. Os mesmos amigos, com a mesma saúde mas cada vez mais estupidamente bem na vida. Casamentos. Não o meu, seria apressado tendo em conta o estado actual da situação, mas de outros (que me convidem, é claro, porque casamentos de amigos-de-uma-vida que não me convidam também já tive em 2013 e foi experiência tão boa que gostava que continuasse única). Comer menos. Bem menos. Comprar um GPS para conseguir chegar às entranhas do país por estradas nacionais. Fazer uma mais cuidada análise da informação que me chega aos ouvidos. Já tenho idadezinha para perceber que nem tudo o que me contam aconteceu tal e qual assim ou, sequer, que aconteceu. Plantar uma árvore. Escrever um livro. O filho fica para depois.

MM

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Jantares de Natal

A par dos dióspiros, os jantares de Natal são o fruto da época. Uma farturinha, é vê-los cair das árvores. Do dia 4 ao dia 23 de Dezembro é uma só pândega. 
Jantar de Natal do curso de pós-graduação e/ou Mestrado e/ou Doutoramento, Jantar de Natal da associação de pais da C+S de Cuba do Alentejo, Jantar de Natal da associação sócio-cultural e recreativa da junta de freguesia de Ameixa de Cima, Jantar de Natal do grupinho da hidroginástica, Jantar de Natal da turma de 1995, Jantar de Natal do Curso de 2004, Jantar de Natal da Liga dos amigos dos patos amarelos com riscas verdes, Jantar de Natal com os primos, que no dia 25 não dá para avacalhar, Jantar de Natal do escritório "A", Jantar de Natal dos escritórios "A" + "B"com convidados do escritório "C" que pertenceram ao escritório "A" e odeiam o "B".
No dia 25:
- É normal que não haja dinheiro (não foram as prendas para a família, foram mesmo os € 20 por pessoa em cada jantar de Natal + os € 5 para cada gato-mealheiro de barro que se comprou para a troca de prendas);
- As cordas vocais precisam de uma afinaçãozinha de mel e limão, tanta foi a faladura;
- Há que pedir perdão às divindades por tanta poesia que se disse acerca das vidas alheias;
- Seremos expulsos da missa do galo, por falta de espaço para nós e para os nossos pecados;
- O estômago já não está muito receptivo a rabanadas e ao tronco de Natal, depois da cozinha massificada e do "vinho da casa" dos restaurantes que nos fazem o especial preço de € 20,00 por pessoa, mas sem o saudoso "à discrição";
- Passamos a olhar de lado aquele colega de trabalho que bebeu demasiado "vinho da casa" e decidiu revelar a sua paixão que podia bem permanecer secreta.
Pessoalmente, não sou de Jantares de Natal. Porque não ando na hidroginástica, porque não gosto de pagar quotas e como tal não pertenço a nenhuma associação, porque não ando a tirar Mestrados ou outras cenas, porque me tenho esforçado muito para que a turma de 1995 se esqueça da minha existência e porque as pessoas, no seu geral, detestam-me e como tal não me convidam para Jantares de Natal.
Mas há um do qual não me escapo: o Jantar de Natal do escritório. Esse grande evento. Desde que comecei a trabalhar (e já lá vão uns valentes 5 anos) só falhei um ou dois. Foram sempre muito bons, mas nada bate o deste ano.
Comida (um ligeiro aparte, que o que interessa nestes Jantares é tudo menos a comida): tinham comprado dois pacotes de natas do Lidl a cada um e estava resolvido. Ainda não percebi o fetiche daquela gente com natas, sempre que nos reunimos à mesa levo com natas desde a sopa até à sobremesa.
Se estive dois minutos sem estar a cortar na casaca ou a ouvir falar mal de alguém? Estive. Demorei 3 minutos na casa-de-banho. 
Saí de lá até meio atordoada com tanta informação. Todos somos potenciais alvos das grandes opiniões dos outros, mas este ano duvido que alguma alma tenha saído invicta.
Uma colega saiu de lá com a certeza de que a chefia lhe anda a tramar alguma e que algumas pessoas, generosamente, estiveram somente a dar-lhe sinais de aviso.
Eu apareci lá com 3 kg a menos em relação ao ano passado e fui tratada como se tivesse emagrecido 49 kg e ainda me faltassem 28 para estar benzinho. Algumas moças devem saber exactamente quantos fios de cabelo tenho, de tanto que olharam para mim a noite toda. 
Conheci algumas das mais recentes contratações do estaminé, das quais me foram relatados os principais feitos, e recebi o relatório detalhado da vida de outras. Ouvi as opiniões concertadas da grupo "A" sobre o grupo "C", emiti as minhas sobre cada um deles a cada um deles, levei com uma recém-divorciada que está agora a viver a sua adolescência e acabei a noite numa fila de 25 metros para entrar numa discoteca às 4h30 da manhã (meia volta, marche).
Ainda bem que o Natal não é quando o Homem quer. Uma vez por ano está bem. 

MM







segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

rabo pequeno demais para o valente xuto!

a questão é tão somente: ponho-me já em posição de tombo ou espero pelo valente xuto no rabo.

Estou certamente a passar por uma qualquer crise do inicio da vida adulta, que deve estar documentada nos manuais mais conceituados da psicologia, que se caracteriza pela insatisfação generalizada. Estou fartinha, é o que é. Diria a minha avó, se soubesse, que me queixo de barriga cheia. E é, na verdade, mais ou menos isso.

Já não me lembro do que é "borbuletas no estomago" e o modo "nha nha nha" ao ouvido é coisa que me anda a meter fastio. Estou um verdadeiro iceberg no que toca a "actividades fisicas", se é que me entendem. Não tenho pachorra nem esperança, no que toca à temática trabalho e, em particular, no que diz respeito à busca por pessoas inteligentes, uma hierarquia justificada e remunerada em consonância, muito menos no que toca nos 4 digitos que eu acho que me deviam ser depositados todos os meses na minha conta.

Mas este espaço dedica-se com mais fervor ao tema "gajos". Então, e para sumarizar, não sei para que lado me vire. Não estou bem como estou mas também não sei o que quero verdadeiramente. Só sei que a boa conduta diz que devemos ser sinceros com o par. E quero se-lo mas vou certamente arrepernder-me amargamente depois, quando bater forte com os costelos no chão, tamanha vai ser a dignidade com que ele seguirá a sua vidinha.

Por outro lado, fantasmas do passado ainda me tiram de casa às 4h da manhã, só porque precisam do meu colo. (colo este causado pelo xuto que levou do seu respectivo par, problemas no trabalho e toda a insatisfação que também vive).

E pronto, o mais sensato é fechar o tasco neste tema e esperar que bons ventos me tragam a merda das borbuletas e a fraqueza de pernas que nos faz subir paredes. Assim, sem rodeios, é isto.

ceteris paribus

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Estava aqui a pensar com o botão do meu impecável blaser que começo a ter idade para poder não gostar de certas coisas. Aos 10 anos não me era permitido não gostar de arroz de feijão e de filetes de pescada. Aos 20 já me era reconhecido o direito de não gostar de arroz de feijão com filetes de pescada. Hoje tenho o direito de não gostar nem de uma coisa nem de outra, individualmente ou em conjunto.
A mesma coisa se diga relativamente às pessoas. Nos tempos idos da minha inocência, cada pessoa que me aparecia à frente tinha em si todas as qualidades celestiais. Tinha enraizada a obrigação de gostar de toda a gente.
Com a sabedoria do tempo, fui percebendo que não tenho que gostar de toda a gente. Depois disso foi facil dar-me ao luxo de nao gostar de certas pessoas.
Hoje digo, sem medo, que nunca gostei da cinica da minha professora de matamatica do ciclo. E digo, sem medo, que nao gosto das pessoas que formigam a minha volta e que, na primeira oportunidade de mostrar a sua proclamada amizade, se afastam uns metros e assobiam para o ar.
Ha uns dias, sem querer, pus a prova as gentes das minhas lides. O momento acabou por ser de gloria mas podia ter acabado num autentico e gigante desastre. E houve pessoas que nao se cingiram a uma sms no final do dia a dizer o resultado da coisa. Prescindiram dessa posicao de conforto e estiveram la comigo.
Largaram as suas vidas durante uma tarde inteirinha para estarem comigo. Fosse para festejar ou para me darem o ombro para chorar, estavam la.
Nao devia estranhar a atitude, afinal sao essas as mesmas pessoas que tem acreditado mais em mim do que eu propria, pessoas que, sem nadinha em troca, tem estado sempre comigo, mesmo quando estou em modo insuportavel.
Perderam uma tarde mas fidelizaram o raio do meu respeito para o resto da vida (sim, ja o tinham, mas esta sensibilizou-me especialmte). Sao pequenos gestos que mostram a grandeza das pessoas, nao me canso de dizer. Este foi mais um. Mas o mais excentrico :-)
Gosto destas pessoas. E de todas as que se preocuparam com o episodio. Facto. Irrefutavel.
Nao gosto das pessoas que assobiaram para o ar. E foram algumas.

mm

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Vou já escolher a melhor esquina

Neste mundo distinguem-se dois tipos de pessoas: as que têm filhos e as que não têm.
 
As que não têm, além dos filhos, são totalmente desprovidas de argumentos válidos para tirar conclusões sobre qualquer assunto que vá parar ao tema "filhos e educação". Pelo menos é o que as que têm filhos consideram.
 
Quem nunca levou com " quando tiveres filhos vais ver" seguido de "eu também pensava assim antes de ter filhos" só porque uma não-mãe ousou dizer    "não sei se me vou aguentar 5 meses em casa, sem trabalhar, só a amamentar a criança e a ver a "Tarde da Júlia".. aos 3 meses já depositei a cria numa creche, é certo".
 
Ui e se se ousa ir mais longe e dizer que obviamente que uma criança com 10 anos que dorme com os pais, e portanto passam-se séculos sem que o casal se "toque", não faz mais do que os próprios pais lhe permitiram fazer?! aí não somos apenas pessoas desprovidas de filhos e de razão.. passamos a seres totalmente desprovidos de alma e sentimentos.
 
Pois advinha-se então o que as mães acham quando uma não-mãe diz     "estas pessoas acham que podem ter filhos como piolhos e contar que o Estado as sustente.... Devia haver um limite de crianças por casal/rendimento familiar da mesma forma que são limitados os animais de estimação por metro quadrado. Quem tiver mais do que lhe é "permitido" então pode começar a fazer contas à educação e saúde que vão ter de assumir por inteiro".
 
E não me estiquei mais na minha tese porque estavam vários olhos enfurecidos, e uns outros incrédulos, a rogarem-me pragas. Calma, eu não disse que era de se matar os que vêm a mais e afogar sem dó os que nascerem do sexo feminino ou com uma qualquer deficiência. Só acho mesmo que neste, e outros temas, as pessoas precisam de ver a sua vida restringida por regras pois de outra forma não se governam de forma inteligente. Com estes limitezitos deixávamos de ver pessoas com rendimentos familiares de 500euros e três filhos a exigirem da Segurança Social um qualquer subsídio...quando deviam era mandar forrar o útero com papel de encadernar os livros da escola dos putos.
 
E se eu disser que não sei se quero amamentar... vou certamente aparecer morta numa qualquer esquina suja.
 
E se eu for mais longe ainda e disser que a única diferença entre mim e o pai da cria é que eu é que sou a vaca leiteira e a lancheira portátil? No restante as tarefas serão divididas de forma perfeitamente equitativa.
 
(eu já o ousei dizer em voz alta e a resposta, depois do "não sabes o que dizes porque não és mãe", foi "oh.. mãe é mãe... teve o filho 9 meses dentro de si... o pai nunca vai sentir o mesmo que a mãe sente por um filho.. porque é só pai.. mãe é mãe". E com isto se perdem todos os argumentos e a vontade de argumentar.. seria chover no molhado e entrar numa psicose qualquer que, se calhar, só as mães ganham com a maternidade.
 
 
ceteris paribus









domingo, 20 de outubro de 2013

Girl Code

Quando uma rapariga manda uma sms a um rapaz a perguntar "que fazes logo à noite?", a resposta correcta é "Ok, combinado", porque na verdade o que ela lhe disse foi: "Às 22h em minha casa".
Mas não, ele não atinge a simplicidade da coisa e entretanto trocam 11 sms.
4 sms a contar os planos que tem, tentando inclui-la, à 6.ª desiste dos planos, quais planos, larga tudo e convida-a para um café, que ela aceita à 8.ª. 
Pergunto eu: ele estava mesmo convencido de que ela só queria saber dos seus grandiosos planos de sábado à noite ? 

MM

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Guy Code anotado | Girl Code #Os Convites

Portanto meus caros:

- a história da humanidade sempre deu ao homem o papel de líder, o que mete dinheiro em casa, o que manda. Também nas melhores histórias de amor e ficção, e mesmo comédias românticas, se reconhece quem detém o papel do conquistador, de quem toma a iniciativa, de quem comanda o rumo da história, de quem corre e sangra para dar o melhor à sua mulher.

Lá porque a mulher hoje pode ganhar mais que o homem e já não resume a sua existência a ser "mulher, mãe e dona de casa" não significa que o homem abandone o que o seu adn lhe impõe.

Quando uma história está prestes a começar (de amor ou coisa da mesma categoria)a mulher "põe-se a jeito" e o homem toma a iniciativa. Eu não vejo problema algum nesta lógica e acho-a mesmo perfeita e imperativa.

Daqui depreende-se o seguinte:

- homem convida mulher para sair e nunca, jamais, lhe pergunta se ela quer que ele a vá buscar.. muito menos pressupõe que não tem de o fazer. E se a mulher diz " eu vou ter ctg" então tem em mente apenas uma coisa " ter o meu carro à mão para eventual necessidade de fuga" (o que me parece um mau sinal... n?!)

- mulher responde ao convite com  "não sei se posso"  e/ou "depois combinamos" e isto são chavões para o homem mostrar persistência moderada e disfarçada, convicção, firmeza. O homem não espera depois que seja ela a mandar sms a dizer "então, sempre manténs o convite? é que eu quero aceitar", pois não?!!

- homem não faz fitas com o estado online-ofline no FB e muito menos finge que a ignora para a pôr a correr atrás dele. A mulher até o poderá fazer mas já vai numa lógica de "é para o que é, porque para mais do que isso terias de fazer muito mais e desde já desconfio que o teu valor, nas várias vertentes da vida (..), é igualmente deficitário e adolescente" (isto já me modo ressabiada, e é sabido que este estado dificulta tuudooo ao homem).

- mulher demora 2h para se arranjar (mas diz que vestiu a primeira coisa que encontrou porque não teve tempo). Portanto, homem nem pense em desmarcar o encontro (a menos que a mãe tenha morrido).

Resultado: felizes para sempre (ainda que o "sempre" possa ser muito relativo por decisão dela de ambos)

ceteris paribus

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Há coisas...

Hoje fui consultar novamente A Senhora. Marquei a consulta há mais de uma semana e, por pura coincidência, soube há uns dias que saía hoje a nota daquele-exame-que-me-decide-a-vida. 
Claro está, a consulta teria que andar muito à volta do tema. "Acha que vai correr bem?" "Olhe que sai hoje, é hoje". "É uma coisa mesmo importante, é sim ou sopas, é vai ou racha, é viver ou desandar". 
Já me tinha dito, tempos atrás, que a coisa ia correr bem. Mas hoje quis saber qual seria a reacção a uma situação que ia acontecer no próprio dia. Uma espécie de mostra aí o que vales, esbardalha-te aí com força ou mostra-me que isto é mesmo coisinha para levar a sério. 
Esperava que divagasse, que não se comprometesse com nada de concreto. Mas não. Disse-me peremptoriamente que ia correr bem. Citando: "Não tenho dúvida nenhuma, vai correr bem e vai tirar boa nota. Vai tirar uma nota razoável". E apontava para as cartas para atestar o que dizia e como se fosse suposto eu perceber que aquelas cartas são do melhor que há. 
Desconfiei logo. Muito rápida e decidida a responder, por um lado e, por outro, houve ali uma alteração duvidosa do "boa nota" para a "nota razoável". É que uma coisa é uma coisa, outra bem diferente é outra coisa. Estive para lhe perguntar o quê que entende por bom e razoável, mas decidi aceitar a ideia base da coisa: o 10 (mesmo que arredondado) estava no papo. Tirar 10, arredondado de 9,6 era aquilo que eu tinha estipulado como boa nota. Já 10 arredondado de 9,5 era um bocado à rasca. 
Vim trabalhar nas calmas (piada!), tinha tanto com que me entreter, ai cruzes que não sei se vou conseguir sair daqui hoje com tanto que tenho para fazer e...voila. Notas. 
E o computador bloqueia, e afinal não saíram, espera aí, desculpa o mau jeito, saíram, agora é que é, o meu computador não abre PDF, agora desapareceu a publicação. Larguei tudo, fiquei a curtir os últimos minutos antes da confrontação, a decidir se queria mesmo saber, sempre podia adiar mais umas horas, o mundo não acaba se eu não passar, está bem mas a minha vida fica muito a andar para trás. Vou mas é fazer qualquer coisa útil enquanto decido o que fazer e isto não abre. E eis que do silêncio surge uma voz (da minha colega da frente, não de um ser do além), "Passaste. Tiraste 15". 

Adivinhe-se quem é que a partir de hoje é a mais crente dos crentes?

MM


quarta-feira, 4 de setembro de 2013

A falta de um título forte e incisivo dá logo a indicação sobre o que daqui se pode esperar

Decido vir alarvar para o blog em horário laboral já que tudo o resto que me compete fazer neste mesmo horário está a deixar-me.. vá... como posso dizer isto sem parecer desesperada e louca (?)... desesperada e louca.

Apercebo-me que não mandei qualquer bitaite sobre Barcelona. Mas também não o vou fazer agora, limitando-me a abanar a cabeça, em jeito afirmativo, a tudo o que a MM já escreveu, sublinhando o nojo que senti na Razzmatazz e no hostel e na praia e ainda assim fui feliz. Chego, hoje, a sentir-me capaz de reviver tudo, sem excepção, preferindo isso ao dia-a-dia limpinho que tenho vivido no pós-férias.

Bem, tentando então agora dar um rumo e um tema concreto a este post, não vão as 2 pessoas que o vão eventualmente ler achar que estou desesperada e louca, falemos de unhas.

As minhas hoje estão mal pintadas mas com uma cor bastante bonita.

E pronto. Ceteris Paribus.

(quando deixamos de ter apenas um acontecimento chato, que nos tira do sério, para contar a alguém no fim do dia e, em resposta ao "como foi isso hoje?", só te ocorre baixar os olhos e encolher os ombros..... fdx, MM não queres dividir uma caixinha de xanax a meias? mesmo que não precises, certamente que as insónias te passam e deixam de te incomodar as melgas durante a noite. E assim ficava-me mais baratinho.)


e a isto se chama alarvar! Já me sinto muito melhor, obrigada.
Ceteris Paribus

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Coisas que me atrapalham o discernimento #1

- Pessoas a cantarolar em cochicho

Se no andar de cima estiverem a deitar paredes abaixo eu consigo trabalhar, compreendo a necessidade do barulho. Já a cantoria em modo cochicho...não vejo a necessidade da coisa. Se é para aliviar a alma e mostrar que sabem a letra da música, não se acanhem, cantem alto. Faz-me lembrar uma certa parte da missa católica em que as pessoas se ajoelham e cochicham. Nunca percebi o que dizem e nunca perguntei porque pensava que me iam achar burra, tal podia ser a evidência do que era suposto dizer-se. Ainda não estou certa, continuo com vergonha de perguntar, mas acho que é um momento livre em que as pessoas apelam à protecção divina com toda a veemência que conseguirem.

- Pessoas que se descalçam enquanto trabalham

Descrever a situação seria um exercício doloroso. Direi só que, não é por nada, mas perante a situação ponho os filtros das narinas na sua máxima potência, o que diminui a oxigenação do cérebro e danifica irreversivelmente toda a actividade cerebral das 3 horas seguintes. 

 - Não conseguir passar do nível 30 no Candy Crush 

Os meus serões têm sido passados nesta imbecilidade. Até ao nível 28 a coisa foi, mais vida menos vida, mais hora menos hora, mais dias menos dias. O 29....senhores, o que me custou este nível. 3 dias intensos. Quando fechava os olhos já só via os doces a agruparem-se. Agora o 30. Como é que alguém consegue passar o 30? Não me parece humanamente possível mas pelos vistos é. E este sentimento de impotência já começa a interferir na maneira como encaro a vida. Não sei como andar na rua de cabeça erguida sabendo que no serão anterior não consegui passar o nível 30. Quando falo com aquelas pessoas que expiram auto-confiança tenho a certeza de que já vão para aí no nível 100. Eu? Pareço um rato amedrontado. 

MM

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Estou com uma sensação de melancolia agonizante. Mas não é daquelas más sensações sem explicação, que aparecem maioritariamente em dias como este, nublado, nem frio nem quente, em que tendemos para a depressão imotivada e para a "dor de cabeça, é do tempo". 
Não, eu sei ao que se deve a minha agonia. Tenho um trabalho em fim de vida, pronto para abate. 
De novo só mesmo os problemas. Todos os dias um prontinho a estrear. Mas como já percebi que é assim que a coisa acontece, que nunca vai mudar, que a tendência é piorar, aprendi a desvalorizar, a chutar para mais logo a resolução dos problemas.
Já não entro em hiperventilação cada vez que me aparece um problema. Dou aquele suspiro a sugerir preocupação, mas no fundo, bem no fundo, a única convulsão que sinto é a da minha grande-vontade-interior a mandar toda a gente para as grandes mães que os pariram. 
Chego a imaginar cenários de execução em massa. 
Às vezes apelo à natureza para que mande vir de lá um pequeno tremor de terra, um tsunami, um tornado, qualquer coisa com epicentro aqui, bem aqui onde estou (sacrifico uma perna partida, não mais. Nada de feridas na cara. Escoriações só nos membros inferiores, p.f.). 
Também não raras vezes tenho fé na intervenção humana. Um assalto, uma tomada de reféns, que me sequestrem durante dez horas, sei lá, qualquer coisa que me permita alguma glória no trabalho. 
E assim nasce um psicopata. 

MM

terça-feira, 20 de agosto de 2013

De Barcelona:

HOSTEL: À excepção de Mercúrio, onde (diz-se, sem grande certeza) há um m2 menos confortável, aquele é o pior espaço da Via Láctea. Só não digo que é o pior sítio do Universo porque não gosto de exageros. A diferença entre aquela coisa e um abrigo para sem-abrigo em noites geladas e de tempestade deve ser mesmo o facto de nestes darem leitinho quente à noite e as pessoas aproveitarem para tomar um banho.
Não era preciso passar por esta provação para dar valor ao meu T2 arrendado, mobilado humildemente com contraplacados da IKEA. Tão limpinho, tão confortável. Uma dúzia de pessoas de todos os sexos (hoje em dia não há só dois, Barcelona sabe) numa camarata, foi experiência que em Londres correu muito bem. Foi um enfarte de contentamento, a começar pelo rabo nu na primeira manhã, passando pelo pequeno-almoço porreirinho e o espaço agradável, limpo, cheirosinho, enfim, um espaço para pessoas.
Em Barcelona, não foi a mistura de géneros que nos causou insatisfação. 9 pessoas numa camarata não é problemático (se bem que agradeço aos céus não ter que ter visto nenhum daqueles rabos nus). Pior foi a badalhoquice daquelas pessoas, a desarrumação, a vida meliante que se lhes pode adivinhar. Pessoas de "Peace and love", diria até "porreiras", mas esquecidas na evolução humana. Desatentos à invenção do chuveiro, das escovas de dentes, do gel de banho, dos malefícios dos germes, desconhecedores de doenças elementares.
O espaço em si era a última geração do insuportável (um quarto sem janelas, separado de outros com paredes pladur que não chegavam ao tecto, o que permitia a interacção entre as gentes). Mas até podia ser tranquilo, asseado, não fossem aquelas pessoas tão assim, a puxar para o muito badalhoco.
O momento orgásmico de toda a situação foi na última noite, em que do lado de lá da frágil parede nos presentearam com vómito. Isso, vómito. E como alguém de entre nós disse, a julgar pelo tempo entre o arranque do vómito e a sua queda triunfal no chão, o pequeno monstro devia estar no beliche de cima. Dizia a CP, com aquela ínfima satisfação que em qualquer calamidade conseguimos encontrar, "ainda bem que não é aqui". Pois, "e o cheiro?". Por acaso o cheiro não se destacou daquele que já não era muito respirável no quarto. Talvez o fumo dos charros e o cheirinho a Erva tenham camuflado. Pura sorte, no meio da desgraça, porque senão teríamos ali uma competição ao mais alto nível.
Para ainda melhor se perceber de que espécie de pessoas falamos, logo no 1.º dia, escassas horas depois de termos chegado, bastou uma pequena distracção e a minha toalha verde-alface (era desta cor, era) já navegava para dentro do saco de uma moça que achava que era "do povo". , Vá-se lá perceber o meu egoísmo, tirei-lhe a toalha o mais delicadamente que consegui. Se até o cadeado do cacifo eu pudesse deixar do lado de dentro precisamente do cacifo, senhores, eu tinha deixado.
Mas há dois aspectos acima do 0 na escala -20 a 10. Ao pequeno-almoço dou 5 e à localização dou 10. Ficava a...10, 5, 3 metros da praia?

RESTAURANTES: Sei que falar de comida depois do episódio do vómito, não é fixe. Mas vamos tentar. Eu, que lá estive e porque lá estive, dificilmente me impressiono agora com a mistura de assuntos.
Ficámos em Barceloneta, separada do acesso principal ao mundo por uma rua (Passeo de D. Juan de Gorgón, será?) tão comprida e tão cheia de restaurantes que chegámos a duvidar se algum dia conseguiríamos chegar ao fim da rua e ir para o centro da cidade. Tratámo-nos bem, sim senhores. Cada refeição (farta q.b.) ficava por volta dos € 15,00 a cada pessoa. No Porto, qualquer restaurante daquele tipo é mais caro, parece-me. Não fomos para a sapateira e para o camarão-tigre e outros bichos iluminados, mas não fugimos muito do marisco. Foi muito bom (jantar no Hostel com comida comprada no supermaket também aconteceu, mas foi só uma vez, tivemos medo que se desinstalasse de nós a pouca classe que nos sobrava).
Mas nem tudo são rosas. Espero ansiosamente pelo desemvolvimento da ténia inseminada dentro de mim por aquele hamburguer mal passado que uma chinesa preparou na cozinha daquele restaurante badalhoco. Ir a um restaurante que tenha pouca gente (ninguém, no caso), é consabido que é má ideia. Se está vazio, por alguma razão mais ou menos óbvia será.

PRAIA: Espectacular. Entre as toalhas não havia espaço para dois pés juntos, há pouco areal para tanta pele exposta. Mas no meio da confusão, foram algumas as siestas e saí de lá a puxar para o castanho. Tudo coisas quase impossíveis no meu imaginário. Ainda ressoa nos meus ouvidos a sequência "Mojitos, Margaritas, Agua, Water, Cerveza, Beer!", gritada de 10 em 10 segundos, mas hei-de recuperar. Só há uma coisinha a apontar, e juro que não é comichão nossa: pessoas, existem caixotes do lixo. Deixar lixo na praia, tipo garrafas, latas de cerveja, cascas de laranja (true!), na minha terra não é lá muito bem visto. Em terra de nuestros hermanos é coisa comum. E sabendo nós que para aí 99% dos veraneantes eram estrangeiros de toda a parte deste planeta verdejante, arrisco-me a dizer que o mundo é uma badalhoquice (afinal o pessoal do Hostel estava só "em casa").

NOITE: Razzmatazz. Este nome foi-nos recomendado, não fomos lá só porque calhou alinharmos no canto da sereia, vulgo rapariga que nos apareceu na praia a promover o espectáculo imperdível que seria aquela noite na Razzmatazz.
O que dizer sem parecer antipatia? A música estava benzinho.
Nada mais estava benzinho. Era uma espécie de Queima num espaço fechado, mas igualmente consporcado (começa a parecer mania, esta coisa da badalhoquice, mas não, era bem real. E quem vai de sandálias e saia brancas àquela discoteca, não sabe mesmo ao que vai, ai não sabe não).
A grande diferença é que na Queima não costuma haver gajas nuas e um anão, sendo uma daquelas gajas nuas um mamute que tira (só a vi tirar, tenho pena de quem a viu pôr também) do meio das perninhas uma cena gigante com um formato fálico, daquelas que se compram em casas especializadas e que pretendem imitar uma certa parte da anatomia masculina (sim, uma pila gigante).
Tínhamos transporte às 5h. Decidimos esperar na rua, fora da discoteca, vulneráveis aos riscos nocturnos. Isto explica o quanto adorámos aquilo?
Antes da Razzmatazz já tínhamos ido a outras duas discotecas e só registei a enormidade dos espaços. Não me apercebi de mais nada, tanto por causa da efemeridade das visitas como por causa da garrafa de Mojito que tínhamos bebido.
Há bares, fomos a um em La Rambla (deve ser a rua mãe das outras Ramblas) e toda uma la movida, mas basicamente é mais do mesmo do que já se conhece de terras lusas. Não aprofundámos. Queríamos muito recolher cedinho e aproveitar o Hostel.

CIDADE: Sendo esta uma viagem de Verão, a praia ocupou-nos o tempo que seria necessário para percorrer a cidade. Do cimo de Montjuic deu para perceber a imensidão da cidade e a impossibilidade óbvia de conhecermos todos os pontos de interesse. Fica para uma próxima, mas gostei muito do que vi e fiquei com vontade de conhecer mais e melhor. 
Os sightseeing bus que me aguardem. 
É claramente uma cidade de passagem, de formiguinhas tontas de máquina fotográfica em riste. A língua predominante é...a primeira que nos vier à cabeça. Foi do inglês ao portinhol, com uns toques no francês. Sem critério, o que calhasse primeiro. E toda a gente se entendeu.


Saldo positivo.

MM








quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Por respeito à idade

Aquele sentimento que resulta de uma corrida contra o tempo, dentro de um táxi, até à estação de comboios, já sem grande esperança de conseguir apanhar o comboio mas sem desistir de lutar. A viagem até está a correr bem. Eu dei o meu melhor e estou pronta para um sprint final. O taxista está a dar o seu melhor. A esperança renasce de forma séria. Então a 500 metros da estação, um idoso atira-se à passadeira, sem piedade e na sua permitida velocidade slow motion.... E pronto, foi-se a viagem de comboio, já paga, com o acréscimo do custo com o táxi, além da frustração.

Foi isto que eu senti hoje, após um dia de trabalho ofegante que culminou com a tão típica bolada no poste de um ser, que não sendo idoso, lhe é permitido um certo slow motion e tropeço nas próprias pernas.

E só por respeito à idade não me saiu um "fdx, nem lá vais nem deixas ir". 

ceteris paribus






quinta-feira, 25 de julho de 2013

Girl code #2

5 das 3.849.523 coisas capazes de destruir qualquer possibilidade de chama:

30 sms e no final do dia telefona e pergunta: "Então, o quê que fizeste hoje?"
 Pá...para além de ler as tuas 30 SMS e de responder a 15? Não muito.

Sms com erros ortográficos
 À quinta mensagem, se ainda não tivermos tido nenhum envolvimento físico de relevo, já não vai acontecer.

Esquecer-se de mencionar a existência de um filho, numa amnésia que dura uns meses
 É como quem manda vir um canadair para apagar um fósforo mal aceso.

Fazer um drama porque saímos do trabalho às 22h30, o que não se compadece com ritmos familiares
Achas mesmo que depois disto vais sequer explicar-me como é que se constitui uma família?

Ir a lojas caras e ser antipático, a puxar para o bruto, com os funcionários
Tens dinheiro, querido, mas é só o que tens.

MM



segunda-feira, 22 de julho de 2013

Parabéns, CP! (veja-se a minha sobrancelha levantada)

Devo ser aquela da "presença esforçada" e não concordo com a descrição (esforço faço quando tenho que andar 2 km para apanhar o metro num dia de chuva) , mas enfim, não é disso que viemos falar. Dizia-me a CP, há uns dias, a respeito de umas determinadas individualidades: "Oh pá, não sei que te diga, gosto delas". E a reboque do "gosto delas" vinham um cuidado e uma consideração num registo intrigante de sinalagma imperfeiro (perdoe-se-me o vocabulário quadrado que nesta altura me governa).
Fico desorientada quando alguém consegue ser tão choné, vulgo coração mole, depois de uns tantos comportamentos em perfeita dessintonia (esta palavra existe?) com qualquer forma rudimentar de amizade. Mas pronto, devo ser eu e a minha mente azeda. 
Vai daí, no dia em que estava planeado o festejo da causa, aparece alguém que andou 300 Km com viagem de regresso em menos de 12 horas, outro alguém com "o cálice da nossa aliança" e outro ainda, com um queque e uma vela que podia bem ser a obra prima do cake boss, tal foi a fortuna do gesto, como do outro, e do outro.
E este foi o presente de aniversário da CP, o jogo do "descubra as diferenças". Andamos neste mundo ainda não há 3 décadas, mas quaisquer duas e meia chegam para se perceber uma série de princípios básicos que devem orientar as relações humanas. Princípios que nos permitem separar o trigo de algum joio. Nem sempre somos perfeitos, nem sempre conseguimos retribuir ao mais alto nível e, na verdade, a amizade não se faz só de atitudes espectaculares em perfeita reciprocidade. 
A amizade, tenho para mim, faz-se de atitudes genuínas. Umas boas, outras nem tanto, mas genuínas. E de pequenos gestos, genuínos, que demonstram grandeza.

MM

que a amizade é digna de ser celebrada

de volta ao tema da amizade. Coisinha que dá mais novela que história de amor e relações diversas com o sexo oposto.
 
na azáfama do dia-a-dia de uma pessoa adulta vamos anotando e concluindo que temos em nosso redor:
 
- as pessoas que julgam que o seu mundo é mais e melhor, e portanto não deve ser abafado com as pessoas que, naquele preciso momento, não vão imputar mais valias,
- e as que, no nosso aniversário, aparecem com garrafas de absinto, queques com uma vela acesa e a sua presença esforçada apesar das 3 semanas anteriores de estudo intenso e poucas horas de descanso ou mesmo dos 300Km e ("praí" uns) 60 euros de comboio que nos separam.
 
e pronto, é isto.
 
ceteris paribus

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Perturbações de sono. Sonhos surreais. Pensamentos parvos. Conversas idiotas. Vislumbres de ET's. Dificuldade de articulação de palavras. Ansiedade. Borboletas na barriga. Vontade de cozinhar mas nem por isso de comer. Desconexão com o planeta. Palpitações. Assaltos de parvoíce. 
Estupidificação concluída com êxito.
Se estou apaixonada? Só se for pela minha miséria. 
Permiti-me a três semanas de estudo para um exame. É amanhã. E não sei nada. E não quero ir. E tenho tanto meduncho. Mãe?  
Numa próxima oportunidade, terei a sensatez de escolher um "trabalhinho jeitosinho" (palavras da minha avó para definir aquilo que afirma que eu não tenho), que não me consuma a vida e com o qual possa tranquilamente sustentar o empréstimo para ir de férias para o Algarve (todos os anos em Agosto, com filhos, tachos, panelas e arroz de frango na praia).
É amanhã. Quero a minha mãe!!!!

MM

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Vais pá onde: Vou p`ali, conho de tu madre, olé

depois de um longo processo de negação... 



Pronto, lá me convenci (com o apoio da MM) que Barcelona não é má opção. Depois de constatar que aquilo tem praia (na minha cabeça Barcelona ficava ali no meiozinho da terra de nuestros vizinhos e nunca me passara pela mente a possibilidade da coisa ser afinal à beirinha do mediterrâneo) chego a sentir um certo entusiasmo até. 

Visto que pode ser suposto (na cabeça da MM) isto se tratar de uma viagem cultural, vou começar a procurar no google pontos turísticos a não perder... mas a minha mente prende-se ao que de facto interessa: mediterrâneo (intercalado com comida e tequilha)

ceteris paribus

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Temos legitimidade para achar que o nosso Chefe tem uma amante, quando, no mesmíssimo dia:


- Às 6h20 vai correr 10 Km
- Vem trabalhar
- Das 10h00 às 12h00 vai para o ginásio
- Vem trabalhar numa alegria contagiante
- Vai almoçar durante uma hora e meia com "o amigo Joaquim"
- Ao "amigo Joaquim" mandou beijinhos no final do telefonema
- Liga à mulher com aquela vozinha gay que os homens usam quando têm o rabo preso. E "querida", e "meu amor" e outros "ais"
- Diz à mulher tudo o que fez, onde esteve e para onde vai. E que almoçou "com o Joaquim, sabes?"
- Às 18h00 enverga os seus óculos de sol dentro do escritório, dá o seu ar de charme com umas piadolas e segue rumo a uma aula de Ténis

-- --

Se calhar sou só eu a ser má. É a minha mente reles a imaginar coisas.

MM

sexta-feira, 31 de maio de 2013

Sexta-feira, dia 31 de Maio de 2013, 10H00: o dia perspectiva-se caótico. Emails a cair, o telefone numa cantoria aflitiva, prazos a apertar, clientes a reclamar atenção. Não sei se vou conseguir sair daqui antes das 21H00. E isto só para adiantar serviço, que de certeza que não vou conseguir concluir nada.

Sexta-feira, dia 31 de Maio de 2013, 15H30: Raios me partam, o dia não passa. Que pasmaceira. Tanto para fazer lá fora e eu aqui fechada.

O que se passou entretanto: um almoço de 2 horas e um copo de vinho branco.

MM

quarta-feira, 29 de maio de 2013




E não tenho mais nada a dizer.


MM

Girl Code # 1

Um homem. Uma mulher. Conhecem-se e acham-se piada mutuamente.

Em meia dúzia de dias, ele faz 6 das 7 coisas que, no abstracto, podem considerar-se muito suficientes para uma rapariga se por a imaginar-se vestida de branco num altar em frente ao mar, com pombas brancas e esculturas de gelo no jardim.

Ela admira-lhe a determinação mas não aprecia a abordagem pouco casuística.

Começa a entediar-se com o mundo encantado da Floribella.

Ele insiste no registo. Vai sem medo. Já fala nos "pequenotes" que hão-de vir.

Gota de água.

3 meses depois, ela já não o pode ver à frente. Deseja muito que ele pegue nas suas tiradas pirosas, perdão, românticas, e nos seus projectos de vida cor-de-rosa, que atravesse o oceano e se deixe ficar do outro lado.

Ele começa a perceber que a mariscada vai acabar.

Ele percebe que a mariscada acabou.

Ela respira de alívio.
-- --

Ele segue a vida dele. Tal e qual ela desejou.

Mas depois existe o Facebook.
Ele comenta, faz likes em posts de outras raparigas.
Troca comentários fofinhos com outras.

-- --
Ela: esmifra os perfis de todas as fulaninhas com quem ele interage.

Deprime.

Faz jornadas de introspecção.

"Então ele gostava tanto de mim...
...ele dizia que...
...íamos os dois...
E agora nem sequer uma sms...
... não compreendo...
...afinal gosto dele."

MM

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Cuspidela no ar

a desvantagem de um curto histórico de blogue é que com alguma facilidade quem o escreve vai reler postas antigas. Eu já o fiz algumas vezes, na falta de novas postas da MM, até porque me dá jeito relembrar o quão poderosa é uma cuspidela atirada ao ar..

Ora recordo a minha tirada extremamente inteligente, aquando o meu contacto com um par de dança cujo facebook denunciava uma mulher e uma filha, com direito a gatos e tudo. Eu, no alto da minha sapiência, impedi-me de alimentar na minha cabeça uma futura e bonita história com aquele ser. Dizia eu que até era gaja para tolerar o gato, mas mulher e filha era de mais.
Pois se não quando me vem parar ao colo (nessa fase estava ainda completamente inocente) um tipo que tem tudo, menos o gato e a filha (que eu saiba). E a menina ter juízo e pôr-se a milhas? Na. Vai de chafurdar.
Como na maioria destas historinhas merdosas (para todos os intervenientes) há uma série de pseudo justificações dos infractores. Ele é porque a relação está nos seus términus, ele é porque foi impossível resistir a uma relação tão airosa e saudável (em contraposição à relação doente que se mantem desde 1900 e carquejo). E justificações para não por um ponto final na relação que se está a trair? pah.. por pena, diz ele! (pena!! xiça.)
E do lado da vaca está aquele pensamento forçado "Ah não sou eu quem está a trair. Ah eu não o procurei".
Pois, mas depois vem aquela sensação bonita de altruísmo que resulta em viver-se bem a um jeito que agrade o senhor, coitado que já lhe bastam todos os outros problemas que tem, e não ser mais que um muro de lamentações. Surge ainda um facto irritante que se traduz em manter sempre em mente "Eu não quero ser como ela. Eu não quero ser tão chata. Eu não quero ser tão fria. Eu não quero ser comparada, nem na cor de cabelo, com ela.".
E pronto, temos uma relação ficcionada, que se passa mais na minha cabeça do que na realidade, e da qual o outro só conhece a sensação de se manter em contacto o dia todo e, de mês em quando, sentir que subo tanto paredes quanto ele. Também de mês em quando lhe ponho a vista em cima e deixamos claro quão forte é o adolescente que vive dentro de nós.
E como é que tudo isto termina: ele emigra (já o segundo que me faz esta brincadeirinha). Ela mantém o seu lugar em stand by e eu saio de fininho de cena.
bonito hein?
 
ceteris paribus
(não fosse este blog anónimo e eu era chicoteada em praça pública de mãozinha dada à bloguer que disse ter por sonho comprar uma mala channel)

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Aquele frustado auto- endrominanço

aquela crença de que deixarmos o telemóvel muito longe da vista se vai traduzir em mais chamadas e sms (na verdade, se vai traduzir NAQUELA chamada e sms em particular, desesperada pela nossa ausência e sedente de resposta)... 

acaba naquele silêncio interior quando finalmente lhe pomos o olho em cima e está sem qualquer registo do que quer que seja.

e já agora, quem, a partir da Rússia e da Alemanha, andou a visitar aqui o bloguezito? MM, andas emigrada? és tu?

ceteris paribus


quarta-feira, 15 de maio de 2013

Guy Code anotado | Girl Code

À medida que os vários copos de requintado vinho tinto (devidamente decantado naquele objecto que quase consegue pesar mais do que eu) iam ficando menos cheios, fomos constatando quase com perplexidade que dispomos de um considerável espólio de experiências amorosas (mais alheias do que próprias, reforço a ideia da CP) que nos merecem um tratamento interpretativo complexo.
Verdadeiras investigações dos elementos evidentes, aparentes, eventuais e colaterais das relações. Não é uma ciência exacta, por vezes chegamos a uma interpretação unânime, outras a várias e até conflituantes entre si, e outras ainda a conclusões que depressa resultam irreversivelmente refutadas por acontecimentos dos dias seguintes.
Mas eles merecem saber que nós sabemos o que eles pensam. Que lhes conhecemos as manhas, o raio da mania que controlam todas as situações, a psicologia em permanente época de saldos. Guy Code é o nome de um programa da MTV a que fomos fiéis enquanto durou. Ali se exibiam todos os raciocínios inerentes aos comportamentos masculinos perante o sexo oposto. Muito interessante constatar que não eram da minha cabeça (sempre votada ao macabro) alguns elos comuns que fui descobrindo entre os homens. Mais interessante ainda, foi despertar para outros tantos comportamentos que me passavam ao lado e que afinal têm em antecâmara uma lógica muito básica que se desenvolve ao nível da cintura.
O que eles pensam, nós sabemos. O que pensamos do que eles pensam, é do que vai tratar o Guy Code anotado.
E depois, uma coisa leva à outra - duas garrafas depois já as palavras se elevam à filosofia -, concluímos pela pertinência do Girl Code. Sim.... não somos betinhas que andam aqui a agir individualmente às investidas concertadas do sexo masculino.
Também nós temos um código. Também nós reagimos maioritariamente da mesma maneira aos comportamentos-tipo dos homens. Também nós somos  muito muitas coisas que os irritam.
O fundamento das atitudes deles e delas, os comportamentos típicos deles e delas, o que pensamos sobre isso, casos práticos sem precisar de recorrer à ficção, conflito de códigos - e tirarmos uma licença sem vencimento durante 3 anos para podermos vir para aqui explorar os temas -, é o que se promete.

MM


quinta-feira, 9 de maio de 2013

Guy Code anotado

Ora que há umas semanas surgiu a ideia de lançar esta rubrica aqui no tasco. Foi lançada com um certo entusiasmo mas razões várias (ou simplesmente porque a ideia surgiu entre duas garrafas de vinho e, dormidas umas horas, já não se saber que postas vir aqui mandar) foi adiado. "Vamo"  lá então tentar dizer algo parvo.

Ficha Técnica

Razão de ser |  as longas dissertações entre mim e a MM acerca do tema são sustentadas nas nossas experiências e nas dos que nos rodeiam (vá, secalhar um pouco mais na dos que nos rodeiam) e são de tal forma verdades absolutas que merecem ficar registadas e serem lidas por qualquer jovem ou adulto ávido de explicações e informação qualificada para a compreensão dos seus desastres amorosos.

Conteúdo programático | Como é que um homem articula o que as suas duas cabeças determinam.

Periodicidade | provavelmente este foi post único mas, a repetir-se, será sempre que der vontade ou tivermos conteúdo relevante.

Guy Code anotado #0 (em jeito de teste)

História: ele diz não se sentir preparado para assumir uma relação mas afirma, com ar de cachorro abandonado e carente, que gosta muito dela e que, se se sentisse preparado, ela seria a escolha para publicar no facebook "numa relação com". Acabam a relação "andanço" e uma semana depois ele escolhe outra Ela para preencher o "numa relação com". Seguem-se dali fotos e bitaites cheios de amor profundo.

A minha interpretação: ele quer (permita-se-me a expressão) pinar e até a acha uma companhia agradável mas não está apaixonado ou qualquer outra coisa que se assemelhe. Mas se ele  lhe disser exactamente isto ela vai armar-se em virgem ofendida e não lhe vai dar o que ele quer (sem  um sermão prévio de 3h e um ultimato de que não volta a repetir-se, no pós coito, bem como a seguida acusação de que foi usada e blá blá ...e acaba-se a noite com uma choradeira). Ele  conhece outra (muito certamente ainda durante o tempo do "andanço"), por quem se apaixona, e lá se vai o "não estou preparado para ter uma relação". É horrível esta perspectiva?  é! mas nunca, nuncinha, vi uma história destas que não tivesse exactamente este aspecto. Lá está, passou a ser verdade absoluta. Lei! No limite admito, na primeira parte da minha interpretação, que a ordem de interesses dele possa ser: gostar da companhia dela e, espectacular, é boa e dão-se bem despidos para além de que tem muita piada este toca e foge, os elogios e os agrados, o colo e as passadelas de mão pela cabeça nos dias tristes.

Se os papeis estiverem invertidos, e portanto é ela quem diz que não se sente preparada para ter uma relação com ele... bem, a minha interpretação é bastante semelhante mas acrescento que, neste caso, a mulher também sabe bem que o homem não quer nada sério com ela e portanto não se vai rebaixar e ser ela a única apaixonada-declarada do casal.

ceteris paribus

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Ser ou não ser

Após vários factos, e alguma reflexão, concluo que não sou boa em nada. Em nada mesmo. Em qualquer que seja a categoria da vida não existe um aspecto em que eu veja que "pah tenho mesmo jeito". RIEN
 
Não quer dizer que seja má em tudo. Com o andar da carruagem e análise interior posso entretanto chegar a essa conclusão..mas para já reconheço apenas que não sou boa em nada.
 
O que me intriga:
é normal não se ser boa em merda alguma? Posso ter esperança de vir a descobrir a minha vocação ou vou mesmo viver o resto dos meus dias como medianazita no geral?
 
A ser suposto vir a descobrir alguam vocação, gostava que fosse algo útil. Não me confortará saber que sou boa em, por exemplo, dar o laço aos atacadores das sapatilhas.. primeiro porque é raro usar sapatilhas e segundo porque isso não me vai dar um trabalho que me dê muito gozo, um salário decente, uma casa com piscina interior, uma ninhada de filhos alfabetizados e um companheiro para a velhice.
 
(devo referir que vejo muita gente com talentos que não lhes conferem nenhum destes tópicos..e isso permite-me ousar pensar que também posso ter dessas sortes... mas gostava de ter também uma vocação qualquer... facilitava e animava as 8 horas por dia que passo a trabalhar e as restantes 16 a vivenciar as restantes categorias da vida).
 
Bem,vou continuar a analisar-me e aguardar atentamente melhores conclusões.
 
ceteris paribus, numa qualquer fase semelhante a TPM, mas que não é TPM

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Terça-feira da semana passada:

Secretária:
O informático tem que vir cá e precisa de ter tudo desligado. Escolham uma manhã ou uma tarde para não virem trabalhar.
Nós:
- O que pensámos: A sério??? Maravilha. Vou às compras, vou ver filmes, vou dormir, vou para casa ver os programas da tarde da Júlia, da Conceição, da Fátima Lopes ou seja lá quem for. Espectacular.

- O que dissemos: O quê? Não pode ser. Uma manhã ou uma tarde com tudo ao abandono? Nem pensar. Temos muito trabalho, como sabe.

... 5 minutos de reflecção depois...

Nós:
Pronto, como costuma ser um dia mais calmo, ele que venha na sexta-feira da próxima semana. A partir das 16h00. Assim, até lá conseguimos pôr tudo em ordem. Ou quase, vá. Faremos um esforço.


Sexta-feira da semana seguinte (hoje):

[12h40] Secretária:
Afinal o informático já não vem hoje. Vem no Domingo, assim também não incomoda ninguém.

Nós:
- O que pensámos: A sério??? Porra!! Já estava a contar com isso. Vou ter que trabalhar? Mesmo?

- O que dissemos: Ainda bem.

[17h50] Eu (em pensamento):
Já fiz o que tinha a fazer. Já fiz mais do que me propus fazer esta semana. O meu cérebro estava formatado para desligar a seguir ao almoço.

Moral da história: somos uma cambada de hipócritas. Às vezes estamos aqui sem fazer nenhum, entramos e saímos à horinha que bem nos apetece, de vez em quando temos "assuntos" a resolver às 4 da tarde em parte incerta, etc.. Mas quando nos é pedido que nos retiremos, fazemos um drama. Aquele ar de pessoas muito atarefadas fica sempre bem. E uns mais do que outros encarnam bem a personagem (sim, é mesmo uma personagem fictícia. Um alter ego qualquer que inventaram para se sentirem bem).

 
MM





sexta-feira, 29 de março de 2013

Quando, para justificar não ter dito nada durante um dia, ele diz: "(...) Tenho estado num retiro espiritual", não há reacção a ter. 
É colocarmos todas as nossas convicções numa caixa, guardá-la na parte mais alta do armário e esperar que o lodo desapareça do chão. 

MM

segunda-feira, 25 de março de 2013

Cenas do além-terra-firme

Não acredito em bruxas. Mas que as há, hão. Não acredito em cenas sobrenaturais. Mas abro excepções a tudo o que me parece credível. Não acredito em Deus. Mas peço-lhe uma ajudinha nas horas de aperto. Não acredito na história da Virgem Maria. Mas não ponho em causa a existência de Jesus Cristo, com todas as qualidades bíblicas que lhe assistem (embora creia piamente na versão do Saramago acerca da temática). A história dos 3 pastorinhos e a aparição da Fatinha....fome, muita fome. Mas gosto do efeito que o Santuário de Fátima tem sobre as pessoas. Um embuste benevolente.
Sou católica em regime supletivo. Na falta de convicções noutra direcção, o tuga nasce e vive católico. Entrei na Catequese um ano mais tarde do que era suposto (na altura em que entrei na primária disseram à minha mãe que era melhor esperar um aninho para eu amadurecer), e no fundo sei que foi isso que estragou tudo. Sempre fui das pessoas mais novas em todo o lado. Menos na Catequese, onde me sentia uma autêntica repetente, com a delinquência que se atribui a quem anda atrasado no tempo. Fiz a 1.ª Comunhão e ainda sobrevivi a cantilenas e passeios e lanches na floresta mais dois anos. O meu pai, da mesma forma que me tinha dito "enquanto eu mandar, andas na Catequese", criou a aparência de vivermos numa democracia doméstica e deixou-me sair quando se apercebeu que os fins-de-semana estavam todos hipotecados por causa da brincadeira e afinal eu não fazia assim tanta questão de andar naquela vida.
Extra-terrestres: o "ET" é fofinho, durante anos tive uma visão tranquila daqueles seres verdes e das naves espaciais, mas depois o filme "Sinais" abalou o romantismo da coisa e inquitou-me de alguma forma.
Gosto muito se saber o que me rodeia, de ter os pés assentes em terra firme e de viver objectivamente. Mas como é bom de ver...não sou fundamentalista. Tenho curiosidade sobre tudo o que a Razão não explica, não sou nada obcecada pelo "cientificamente provado". Horóscopo, por exemplo. Pode ser coincidência, mas tudo o que se diz acerca dos signos encaixa com o perfil das pessoas. Cartomância. Também pode tratar-se de mera coincidência, mas as peças vão-se encaixando.
Em 2004, ano em que entrei na Faculdade, consultei uma Cartomante. Disse-me pequenas coisas que na altura não faziam muito sentido (tudo o resto encaixava-se tanto na minha vida como na do vizinho). Mas volta e meia, à medida que o tempo foi passando, as coisas foram acontecendo.
Em 2012 consultei uma Cartomante aqui no Porto, que me disse poucas e boas. Na altura andava entretida com um piqueno (mesmo!) e ela disse-me (ignorando a minha convicção ao dizer-lhe que não havia ninguém na minha vida): "é, ele gosta de si, respeita-a, mas não vejo união". Eu também não via, mas foi engraçado saber que os astros tinham a mesma opinião. Disse-me que as coisas iam correr bem. Trabalho (dinheiro não sei, mas trabalho não há-de faltar), casamento, filhos (sim, perguntei-lhe se o plural era por mera facilidade de expressão; não, não era), saudinha para a família, um irmão em alguns momentos a reclamar atenção, etc. e tal.
Fui uma segunda vez. Para além de me traçar o mesmo perfil de mais defeitos do que qualidades, disse as mesmas coisas. Inovou apenas quando me disse que "há um homem casado que gosta de si". Perante a minha incredulidade, disse "mas se você nem sabe quem é, deixe lá, é porque não tem nenhum interesse e ele há-de seguir a vidinha dele".
Fui uma terceira vez. As mesmas coisas (mas sem o homem casado). Um cenário azul de fazer inveja. De negativo só mesmo os meus defeitos, que continuaram os mesmos. Profissionalmente, este é um ano decisivo. Sei que sim, para bem ou para mal.  Diz ela que é para bem. Veremos.
Hoje tentei marcar uma quarta consulta. O número de telefone não funciona. Vou interpretar isto como um sinal e deixar que venha melhor tempo. Com chuva, frio e nevoeiro não se adivinham boas mensagens vindas dos astros.
Estas visitas ao desconhecido não me condicionam a vida. Mas também tenho que assumir que a Senhora só me tem dito coisas boas. Saio de lá de sorriso na cara, ao contrário de outras pessoas que saem de lá lavadas em lágrimas e com mezinhas para um ano. Não consigo saber - nem quero experimentar, obrigada - como reagiria se ela me dissesse coisas más. Tipo: vais ficar desempregada. Vais ter uma doença na família (que se fosse comigo eu ainda podia, mas mexer com a minha família...). Ou simplesmente: vais ficar sozinha o resto da vida. Esta merece explicação: eu não tenho medo de ficar sozinha, não quero é que me sirvam isso como uma certeza. Dizer-me que me vou casar e ter filhos é giro, mas também deixava de ser se me dissesse "para o ano, filha".


MM