sexta-feira, 27 de julho de 2012

sexta-feira, 20 de julho de 2012

"Nem o pai morre nem a gente almoça"

É o que me apraz dizer.  O boss não chega, os nervos aumentam, há um certo bloqueio psicomotor a dominar-me. Para ajudar, a tipa que trabalha ao meu lado dialoga consigo mesma e assoa-se como quem quer que o rim lhe saia pelo nariz. Perguntei-me várias vezes como é possível que uma pessoa que nem 1,50m tem consegue fazer o basqueiro que 20 pessoas teriam que se esforçar muito para fazer. E quando ela se lembra de vir para o gabinete com a sua tigela de leite com maçã e bolachas misturadas? Seria pertinente, nessas alturas, permitir visitas de estudo a alunos de ciências da natureza, para que pudessem acompanhar todo o processo digestivo. Do bolo alimentar aos gases gástricos, todo o processo é devidamente disponibilizado ao observador. Enfim, um subaproveitado museu vivo do aparelho digestivo. Como nem eu nem a outra colega somos pessoas muito ligadas à ciência, ausentamo-nos durante essas sessões de demonstração.
Mas há mais para oferecer. Neste momento ela é a única concorrente, mas certamente não faltariam outros para o concurso "quem consegue engolir mais água por microssegundo". Não é para amadores virar a garrafa goela abaixo como quem despeja água por um cano desimpedido.
E o comportamento de matarruana? Ninguém a supera. Seria necessário muito treino para que outra pessoa conseguisse ser tão inconveniente, tão sem "saber-estar", tão sem jeitos e maneiras. Certo dia, numa situação profissional de alto nível, e até com acompanhamento mediático (na qual acompanhávamos o boss, salve-nos o papel de meras figurantes), aproveitou um intervalinho e sacou da sua sandes, embrulhada num saco de papel - que não desgrudou da sandes, de tal forma que deve ter levado umas valentes dentadas - e alimentou-se ali mesmo. Não contente, gritou-me (estava eu a uns 5 metros dela): queres um bocadinho? Apreciei a simpatia mas quis muito que se abrisse um buraco no chão para onde eu pudesse cair discretamente.
[Agora que libertei energias, vou ver se o boss chega ou se é preciso ir lá eu].

MM

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Decisões

Não gosto, não tenho jeito, é desconfortável. Resumindo, é uma grande merda.
Mas diz que é o que os adultos fazem de vez em quando e o meu B.I. confere que pertenço a esse mundo.
Pois então que acabei de tomar a decisão. À entrevista de que falei seguiu-se outra, a coisa deu-se e fizeram-me uma proposta. Nas duas horinhas que me deram para decidir (oh, verbo ranhoso), conferenciei com a minha conselheira, pessoa adulta, desenrascada e mais habituada a estas lides, e eis que decidi aceitar a proposta. Decidi (deixem-me repetir que isto não é verbo que eu conjugue muitas vezes).
Mas há uma novidade a acrescentar a tudo isto: não, não vou para Lisboa, vou ficar no Porto. Eu queria muito ir (!) mas houve sinais evidentes da desnecessidade dessa loucura e preferi não contrariar...
Agora há toda uma sequência de acontecimentos a preparar. O primeiro deles é o mais difícil: dizer ao boss que vou embora. O boss é o corno da história, não faz ideia do que se passa e quando souber vai ser em jeito de "fui". Não vai ser fácil, nada fácil. Não sei que reacção terá, não sei com que relação ficaremos.
Que me valha o entusiasmo da mudança, porque o sentimento de partida tortura-me. Aqui sei o que tenho, sei com o que conto, conheço as pessoas, tenho os meus vícios, as minhas liberdades, conheço as chatices e os cantos à casa. Não sei o que vou encontrar, tenho um pequeno medinho de me arrepender. Mas quem não arrisca não petista, pois não é assim?
Outra questão prática que me começa a assombrar é a passagem de pasta. É que 4 anos de trabalho não se passam a outra pessoa de ânimo leve. E paciência não é coisa que me assista em grande quantidade. 
Questões verdadeiramente sérias:
Assemelho esta mudança aos tempos de escola. Cada vez que começavam as aulas (que era sempre um rumo ao desconhecido), em Setembro, a minha mãe comprava-me roupa nova. Não estou a ver em quê que isto difere, portanto sinto-me pressionada a comprar roupa nova.


MM





sexta-feira, 6 de julho de 2012

Relações mais ou menos exclusivas e o efeito dos elásticos de cabelo

O conceito da exclusividade nas relações com o sexo oposto agrada-me, seja este relacionamento mais ou menos circunscrito ao físico da coisa ou com um pouco mais de substância. Devo ainda assim aceitar que, quando a relação é tão pontual que deixa de ter o carácter de relação, a fila anda. E deixemo-nos de coisas que a fila anda para os dois lados, se assim se proporcionar. Eu só não preciso de constatar com factos que a fila anda do outro lado. É uma espécie de auto defesa que se resume a "eu sei mas não quero ver".
Além de ser levada a ver (ainda que apenas um elástico de cabelo no que simpaticamente chamei de pinódromo do dito cujo), custa-me mais um bocado concluir que estou associada, no telemóvel do outro, ao grupo das "Diversas". Pela quantidade de solicitações julgo que ele sabe o meu nome e este deve estar no topo da lista de contactos. Claramente não será pela espectacularidade da minha pessoa mas porque o meu nome começa por uma das primeiras letras do alfabeto.

Passa do chatear ao irritar quando o dono do pinódromo e do telemóvel acha uma profunda injustiça a minha auto exclusão da lista "Diversas". Olha c`a merda hein?!

Acho que é a isto que o popular se refere quando diz que ser adulto implica assumir as responsabilidades pelos seus próprios actos. Obrigadinha. Já entendi a causa-efeito. Sou mulher, não posso, simplesmente porque quero tanto quanto ele, permitir avanços sem o pedido de casamento formal, seguido de um período de preparação do acasalamento de pelo menos meio ano. 

ceteris paribus

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Os meus pais sempre me disseram "Acompanha-te dos bons e serás como eles, acompanha-te dos maus e serás pior que eles".
E felizmente tenho-me feito acompanhar vida fora pelos "bons". Se isso não me faz "igual a eles" pelo menos demarca a fasquia. 
Chega a ser gabarolice quando falo de amigos com um percurso determinado, corajoso, ambicioso. Igual orgulho por outros cujos trajectos podem não impressionar mas que elevam a fasquia no que diz respeito a relações humanas, a bondade, a honestidade, a carácter.
Pessoas que me exigem, sem saber, que eu nivele pela sua bitola a minha atitude perante a vida.
Fixada a fasquia num nível elevado, acontece como que uma exclusão natural de tudo o que não a atinja. Essa exclusão pode demorar algum tempo. Demora o tempo que dura a máscara que esconde a falta de carácter, a falta de personalidade, de transparência, de ambição, de projectos, de objectivos.
Quando cai a máscara, o joio separa-se naturalmente do trigo. A partir daí, tudo o que se passa com o joio é assistido da plateia e devidamente comentado como se de uma peça de teatro se tratasse (que atire a primeira pedra quem não comenta vidas alheias).
Chato é, como disse a CP, que o joio nos junte ao enredo de vez em quando e nos faça protagonistas de grandes filmes.
Essa situação provocou-se um desconforto considerável durante algum tempo - o tempo que duraram as máscaras. Agora, máscaras caídas e falsos moralismos descobertos, é apenas chato. E suscita-me um sentimento triste: pena.
Posto isto, há que redireccionar a atenção para aqueles que verdadeiramente me interessam. Esses, os da fasquia elevada, a cujas vidas não assisto meramente.
Não sou elitista, mas.... vocês (joio) aí, nós (trigo) aqui.
Mudando de assunto, que este já esgotou o limite de caracteres que este blogue lhe permite:
Ontem foi a grande entrevista. Cheira-me que, a acontecer alguma mudança, não vai ser de cidade.

MM

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Enquanto estivermos no camarote não é mau...

...o pior é quando nos chamam à cena sem aviso prévio e nos colocam no centro do enredo do capítulo como a personagem engenhosa e galdéria do filme.

Sinto a necessidade de apresentar a minha visão de camarote (o tal camarote que partilho com MM).
É verdade que este primeiro semestre do ano valeu, pelo nº de capítulos, por vários anos da minha vida. E sinto um certo agradecimento por estar só a ver acontecer porque fazer parte da trama implicaria uma rotação animada e trágica da vida social e amorosa e eu não sou dada a grandes rotações.

Vou compensado esta sensação de mera presença de camarote com a participação especial em episódios meus (que julgo estarem a faltar no filme que assisto, se me for permitido o bitaite), ao nível profissional e alguns momentos, diria, caricatos na temática do amor (ou seja lá como se chama)

Voltando ao filme.
Volta e 3/4 lá somos chamadas, de mansinho, à conversa entre as personagens mas não é nada que eu não justifique como sendo o resultado de uma certa saturação e incómodo destas com as suas próprias tramas (tantas vezes pouco abonatórias para si e portanto nem sempre muito bonitas de serem mais exploradas e partilhadas entre as personagens).

Assisto também, não de camarote mas mais ao nível de back office, ao expectante capítulo da possível mudança de trabalho e cidade de MM. Vamos lá ver se nos vemos levadas a trocar um lugar simpático - o Havana (apesar de, quando em vez, ser apelidado de local de cabeleireiras pelas tais personagens que, diga-se, o frequentam quando assim tem de ser) pelo Lux e Bairro Alto, bem como os saltos altos pelo "téni" (em cada pé).


ceteris paribus





terça-feira, 3 de julho de 2012

Aquele friozinho na barriga.

Não tenho dito nada porque não tenho tido nada para dizer. Ou melhor, haver o que dizer até há, simplesmente não consigo comentar com o mínimo de inteligência tudo o que tenho vindo a assistir. E como é preciso inteligência senhores... primeiro para entender e processar, depois, e não chego lá, para opinar.
Este ano, desde o seu primeirinho minuto, tem sido rico em histórias e enredos que encostam a um cantinho escuro as novelas mexicanas mais rebuscadas.
Mas toda a trama me tem sido alheia (ter um camarote privilegiado não faz de mim nem figurante), do que pode concluir-se que, comigo, não se tem passado puto. Nem bom nem mau. Puto.
Que às vezes até é bom viver numa total pasmaceira, fazer parte de uma linha de montagem, mover-me mecanicamente, enraizar a rotina, mastigar os dias. Mas é só às vezes. Porque bem no fundinho sou uma pessoa que precisa de agitação. E se a agitação não vem ter comigo, há que procurá-la. E não precisei de me esforçar muito para que a procurada "agitação" se transformasse no eufemismo do verdadeiro sentimento que tenho agora: pânico.
Voltando atrás: há coisa de dois meses acendi o rastilho das grandes decisões familiares. Vai daí, qual Salgueiro Maia, decidi revolucionar a minha vida. A ideia está em embrião e ainda não atingiu as 10 semanas. Estou no período legal de interrupção.
Eis o que sucede: Mudar de cidade e de trabalho.
Do Porto, cidade perfeita, para Lisboa, cidade desconhecida. De um trabalho, o primeiro e único, seguro q.b., liberal q.b., para outro sobre o qual ainda nada tenho a dizer porque amanhã é que vou conhecer os contornos mínimos da situação na Entrevista, essa tola.
Ora bem, uma Entrevista de Emprego assusta-me na medida em que nunca fui a nenhuma.
[Ou se calhar estou a mentir. Há uns tempos decidi que devia ganhar mais dinheiro e candidatei-me a uma série de empregos em part-time. Calhei no recrutamento para a NASA, que implicou um longo processo de avaliação curricular, psicológica e cultural. Afinal era para o balcão de informações de um shopping, cargo para o qual não demonstrei aptidão e fui eliminada. Continuei a contar tostões].
Mais do que o que vestir e o que calçar (questões essenciais, não me lixem), já me questionei sobre o que raio vou eu lá fazer?
Isto porque:
Não aceito remuneração abaixo de 4 dígitos;
O regime de subordinação numa profissão liberal pode resultar num estrangulamento da liberdade e autonomia técnicas que tenho agora;
Não aceito contratos a termo certo;
Não gosto que me imponham coisas, como horários fixos e merdas dessas;
Não gosto de ar-condicionado nem de trabalhar em open space.
Basicamente quero um emprego de sonho. E como tenho consciência de que se é disso que se trata não serei eu a feliz contemplada, pergunto: o que raio vou eu lá fazer?
E respondo: gastar um dinheirão em viagens, ficar lixada por não conseguir ficar com o trabalho (que uma coisa é eu não querer, outra bem diferente é dizerem-me que não me querem), perder um dia de trabalho, sentir o nervosismo de uma entrevista de trabalho e, melhor que tudo, deixar a minha colega de trabalho a pensar no que será a sua vida se eu me for embora - sou daquelas pessoas que tem a mania de não ter segredos e então achei que seria injusto não dar uma explicação depois de dizer "amanhã? amanhã não estou, tirei o dia". Contei a verdade e ouvi um "A sério? Mas...Então e...Que bom!" a laivar de ironia, e senti uma dor latejante no lobo frontal (que é onde se localiza o detector de pequenas invejas). E sei que não devia ter dito, sei sim senhor, tal como já sabia antes de o fazer. Em frente.
Quero conseguir este trabalho, quero poder decidir se aceito ou não. Mas tudo o que  implica esta mudança, ainda hipotética, deixa-me em pânico. Ir viver para Lisboa ainda é como o outro, sempre fui um bocado nómada e isso até me entusiasma. O que me deixa em pânico não é a chegada mas sim a partida. Deixar o Porto e tudo o que de bom tenho nesta cidade. Nem quero pensar nisso.
Step by step.

Mutatis Mutandis