segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Começa a dar disto no "pessoal do meu tempo"

Este fim-de-semana foi marcado pelo casamento de uma amiga. Quando este foi anunciado vi a coisa como o curso natural de um namoro que já se prolonga por vários anos. É afinal o oficializar de algo que eu já assumia como verdadeiro.

Já na entrada da igreja, e porque cheguei um nico-tico em cima da hora, vejo a noiva chegar com os pais. Não teria isto nada de especial não fosse essa noiva ser a D.. Ver uma amiga, dentro de um vestido de noiva foi estranho.. Foi como se nunca tivesse visto verdadeiramente uma mulher dentro de um vestido daqueles.

A cerimónia em si foi também diferente de todas as que já assisti e participei. O coro, ao qual eu e a D. pertencemos, cantou como nunca o tinha feito. Desde a entrada ao cântico final, foram cantadas as letras com verdadeiro sentido do momento.  E pela 1ª vez senti alguma emoção com o momento, chegando a sentir a lagrimazinha no canto do olho. A nossa D. não é mais solteira e filha de fulano e sicrano. É agora a fundadora de uma nova família. É bonito! E que podia construir a sua família sem prometer em alta voz e em frente de um altar e amigos e família que dedicaria a sua vida à sua nova família, quer faça chuva ou sol, na saúde e na doença e bla bla bla e ser fiel e bla bla. Sim, podia tao simplesmente juntar-se, ter filhos, criar contas bancárias comuns e gerir as compras do mês. Mas e isso sem casamento teria a mesma beleza..? para ela não, e eu assino por baixo.

Ela cantou connosco todas as músicas da cerimónia. Músicas que tinham sido escolhidas por ela para o seu dia e tiveram por isso, para nós, um peso especial de responsabilidade. Ela cantou sozinha uma das músicas para o marido. O avô, um senhor de avançada idade e o verdadeiro ancião da família, cantou uma música para a neta... enfim, nada foi feito de cor e ao acaso.

Já nos Comes, ela decide agradecer ao povinho que ali estava. Eu conheço a D.. Não foi um agradecer "porque é bonito e faz parte". Foi um verdadeiro agradecer pela presença dos que ali estavam e que eram afinal os que têm estado em todos os momentos da vida dela, desde gente da escola (onde me incluo), gente da universidade, gente do trabalho e gente da família. Mais uma vez segurei a lágrima. Ela estava visivelmente cansada e claramente foi a pessoa que menos viveu o dia. Dedicou-o a dar assistência aos amigos e família, a certificar que tudo corria como planeado, a garantir que todos estavam bem. Acho que só no dia seguinte ela se vai aperceber que casou e vai sentir as emoções que todos nós sentimos durante o dia do seu casamento.

No momento de ser atirado o ramo, achei que desta vez não devia estar a diminuir as probabilidades a quem de facto está ali com os dedos torcidos para ser a eleita. Da última vez que me aventurei, caiu-me o ramo aos meus pés. Vi e senti um profundo ódio de quem me rodeava e desejava aquilo como pão para a boca.  Também a menina eleita desta vez não devia ali estar porque claramente também não o queria ser e acabou por sentir o mesmo que eu.. aquele odiozinho para todo o sempre de quem a rodeava e estava capaz de ir às suas mãos arrancar-lhe o ramo. Deus me dê lucidez para não chegar a esse ponto e perceber que por muito que me queira casar e não consiga, não será o ramo de outra mulher casada que me vai resolver a situação.

Noutras cerimónias eu ia dar conta da qualidade da comida, do serviço, do vestido dela, do penteado, da decoração, bla bla bla bla. Neste caso, isso é tudo tão irrelevante e só o que me ocorre dizer é "foi tão tão bonito!" a segurar a tal lagrimazinha.

Se até agora se estavam a dar os casórios em catapulta do "pessoal mais velho", agora começa a dar-se disto no "pessoal do meu tempo".. E à pergunta, entre nós, "quem será o próximo" a resposta é ainda pouco certa e algo aleatória, motivo de brincadeiras e forma de incentivo a quem está no "vai, não vai".

ceteris paribus

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Abraços Grátis

Acerca do dia Mundial da Paz e do movimento dos Abraços Grátis, devo dizer que me parece uma acção fofinha. Faz-me lembrar, e com saudade, da Queima da Fitas (a verdadeira, portanto estamos a falar da Invicta). Nessa célebre e sempre (mais ou menos) recordada semana, havia uma espécie de celebração da paz semelhante ao que ontem se propagou pelo País e Mundo.

É verdade que de facto se viam cartazes a correr com a oferta de abraços mas mesmo sem os cartazes a coisa dava-se com facilidade e toda a naturalidade.

Ao longe víamos uma cara conhecida, corríamos (dentro das possibilidades) ao encontro do indivíduo (a) e gritávamos "olaaaaaa", seguido de um abraço forte, um brinde, um "vamos beber mais qualquer coisa?" e uma partilha da felicidade e orgulho fepiano. Quando regressávamos para os respectivos grupos de amigos, e à pergunta pertinente "quem era??!" a resposta não ia mais longe que "é da minha faculdade". Que mais dizer? É amigo? Não! Sabes o nome dele (a)? Não faço a mínima! Já alguma vez se tinham cumprimentado ou falado? Não, mas acho que até já tivemos aulas juntos!

No final da semana, e no regresso às aulas (ou mais sinceramente falando, à faculdade), sentia-se aquele constrangimento de não te poderes dirigir à pessoa pois não sabes sequer o nome dela e se ela sequer se lembra de ti, então opta-se pelo ligeiro e tímido abanar de cabeça em sinal de cumprimento e um sorriso maroto de quem pensa "estavamos bonitos, estavamos..."

A Queima é ou não uma referência no que toca a Paz e Amor no Mundo?

ceteris paribus

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Cinema

Ontem foi noite de cinema. Eu e a CP fomos ver o "Cuidado com o que desejas". De rir bastante mas sem chorar por muito mais.

Muito bom mesmo foi o "Friends with benefits", o que será quase o mesmo que dizer, aportuguesando, "Amigos Coloridos". De rir muito, de chorar por mais e de suspirar. Pelo Justin (Oh, Justin!!) e vá, pelo final da história. Sexo enquanto prática contínua e reiterada entre duas pessoas (as mesmas) sem compromissos, é pura utopia. A brincadeira acaba sempre num mal maior. No filme acaba em romance, o que, transportado para a vida real, corresponderá a cerca de 1% dos casos. Em 99% dos casos, uma das pessoas acaba, invariavelmente, na merda. Porque, em verdade, não conseguimos assim tão bem quanto apregoamos, um distanciamento entre o meramente físico e o profundamente emocional.


Mas a propósito, ir ao cinema nunca foi das minhas actividades lúdicas de eleição. Um espaço fechado e um filme a rodar numa telazita nunca me despertaram grande interesse. E todo o processo de ingestão de pipocas e o sugar das bebidas e o ar condicionado e o diabo a quatro, mexem-me com o sistema nervoso.
Depois, ir ao cinema com um homem é uma situação socialmente conotada como "romântica", o que não me agrada. E porque eu gosto de ver filmes que retratem a realidade das relações entre as pessoas, vê-los com um namorado não faz sentido - fá-lo-ia perceber uma série de coisas que eu, obviamente, lhe escondo (ok, é absurdo o que acabei de dizer, mas por ora o argumento serve). E se é simplesmenre um homem-andante, ir com ele ao cinema é um total despropósito.
Por tudo isto, tenho vindo a descobrir que o cinema até pode ser uma coisa engraçada, mas com amigas. E com filmes reais mas parvos, para rir muito (que para triste já basta a vida...qual poeta!).

Mutatis Mutandis

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Sem título

Há uma certa hora, num dia de trabalho, em que as baterias começam a dar sinal de descarga. Essa minha hora já foi às 19h00, ou mesmo mais tarde.
Agora é às 10h00 da manhã.
E amanhã ainda é quarta-feira. Costumávamos ter uma teoria para ultrapassar a semana. Quarta-feira é o dia neutro, vivemo-lo como se não fizesse parte do calendário; quinta pensamos: "amanhã é sexta" e sexta é sexta. Segunda-feira é aquele dia de reconectar com a realidade - um processo cuja morosidade tem que ser respeitada -, pelo que sobra terça para trabalhar intensamente.
Mas esta teoria já não convence e a CP já anda por aqui a propor novas terapias.
Ter trabalho, nos dias que correm, é uma benção, mas isto ia melhor se os euros que me pagam me permitissem um Spa semanal.

Mutatis Mutandis

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

From old school, with love.

Sou do tempo do escudo, dos quadros de lousa e do giz. Aprendi a escrever com instrumentos rudimentares, como caneta bic, lápis e um caderno sem qualquer ornamento catita. E o mundo parecia perfeito assim. Depois vieram as minas e as lapiseiras e as canetas de cor com cheiro e às tantas todo o material escolar tinha que estar em harmonia de cores e estilo. O que variou entre aquela e esta fase foi simplesmente o aspecto dos trabalhos, agora mais compostinhos e abrilhantados. Continuava a escrever à unha, a ter que revirar livros e enciclopédias e muitas vezes a consultar os meus pais para sacar alguma informação. Cada trabalho era resultado de longas horas e de muito esforço criativo.
Por volta do meu 9.º ano, apareceu lá por casa o primeiro computador. Trabalhos fantásticos, com bonequinhos a ilustrar o que lá se dizia. Mas o sumo da questão continuava a exigir o mesmo: livros, pais, capacidade de desenrasque.
Depois veio a Internet. E o google. E a wikipédia. E hoje em dia nenhum puto precisa, nem quer, nem lhe é exigido, consultar uma enciclopédia, ter o trabalho de ir "chafurdar" na biblioteca da escola ou mesmo abrir um dicionário de língua portuguesa. Está tudo à distância de um clic. Googlar é um verbo e está tudo explicado.
Tenho para mim que tudo isto resulta num facilitismo pouco profícuo à evolução do intelecto das criancinhas. Mas isso são outros quinhentos, fica para outra hora.
O que aqui interessa é que eu, que vivi no tempo da lousa e do giz e das comunicações via CTT e das cabines telefónicas, orgulhando-me disso, tenho que me redimir e assumir que não vivo sem a merda da tecnologia.
Escrever em papel, à la mano, é tão raro que não reconheço a minha letra. Telemóvel? Tenho 2 (um pessoal e outro de trabalho) e não concebo a minha vida de outra maneira. Viver sem Outlook? Fora de questão. Falar com as pessoas com quem trabalho? É melhor por email, sempre fica registado. Combinar um café ou uma jantarada? No Facebook. Estar actualizada? Jornal online. O dossier 1530? Está no servidor.
E já por várias vezes me assaltou a pergunta: como raio é que as pessoas, maxime as que exercem a mesma actividade profissional que eu, trabalhavam na era pré-tecnológica? Não sei como faziam, mas têm toda a minha admiração, porque eu não conseguiria.


Tudo isto porque hoje a Internet falhou e eu fiquei sem condições de trabalho.

Mutatis Mutandis

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Uma questão de perspectiva

Apenas uma notinha antes de ir ao que interessa: sim, "perspectiva" com "C", independentemente do que os brasileiros gostam ou querem.

Hoje, talvez por se tratar de uma bonita sexta-feira, apetece-me dissertar acerca dos dias da semana. Percebi, com maior intensidade no período de depressão pós-férias, que o que nos faz mover ao longo dos 7 dias da semana é a Sexta-feira.  É uma espécie de marco, de meta, de partida, de sonho, de luz ao fundo do túnel. Sexta-feira é aquele dia em que, inexplicavelmente, nos faz renascer a alma após uma longa semana. Nesta fase do campeonato, e por diversas razões, a sexta-feira torna-se o alento de que tudo pode mudar. Assim sendo, a pessoa passa pela segunda e terça chegando a quarta completamente exausta. Na quinta as coisas melhoram pois é o dia que antecede a sexta. Na sexta renascemos das cinzas. Noves-fora, a semana de trabalho tem 3 dias duros e a vitalidade e a alegria prolongam-se por 4 dias... visto assim custa menos. Como qualquer pessoa que se preze, com ou não formação em PNL, o segredo da felicidade está na forma como vemos a vida.  E nós, mulheres em especial,  temos a mania de encontrar formas bem ligeiras que nos facilitam a sobrevivência num mundo que não nos permite ser 100% feliz por períodos longos e continuados. Vai que este ponto puxa de imediato outras temáticas mas ficarão para outros carnavais.

ceteris paribus

Bloguemos então

Numa primeira fase, presumi a morte do "VaisPáOnde". Que esta coisa de "blogar" é dom para meia dúzia de iluminados e eu vivo mais no escurinho. Depois, surgiram uns rumores de que o bicho de vez em quando dava de si. Estou agora numa 3.ª fase, decidida a ajudar a CP (bonita sigla, "olha lá não descarriles") a dar animus vivendi à situação.
Pois bem, era até bonito dissertar sobre o SW, que foi o acontecimento que deu causa ao nascimento deste blogue. Mas não há muito a dizer. É preciso ir lá para perceber como é que tudo se processa, a mera reprodução escrita dos factos chegaria a ser injusta. Injusta porque teria sempre a nossa perspectiva de pessoas crescidas a viver uma coisa mais apreciável por adolescentes, esses seres ávidos de liberdade e que aproveitam uma semana para fazer, dizer e ser tudo o que no resto do ano lhes está interdito.
Saímos da nossa zona de conforto, partimos rumo ao desconhecido, e foi a adrenalina da aventura que nos manteve ali durante uma semana. Conhecendo agora os meandros da coisa, não quero voltar. Até porque a idade começa a apertar, e se este ano já nos tratavam por você, daqui para a frente correríamos o risco de nos rodear um perímetro vazio, com uma placa a dizer "para ali não, elas parecem as nossas mães quando estão chateadas". E nem seria por mim, que eu até sou adepta do "tasse bem", mas a CP faz cara feia, de tal forma que até a mim intimida mesmo quando dirigida a outrem.
Bem, mas não vamos agora estar para aqui a fazer crer que o SW foi um pequeno castigo auto-infligido. Embora não pretenda voltar, foi uma semana de jantares ao som de grandes (q.b.) bandas, de arrastanço de chinelo, de praia, álcool, pura diversão e etc. e tal e coiso e mais isso.
Foi a primeira das minhas 2 semanas de férias que, no conjunto, se saldam positivamente. Tão positivamente que o regresso à realidade foi difícil. A depressão pós-férias não é mito nem mania. Existe mesmo e eu sofri disso este ano como nunca. Factores vários contribuíram (não foi só o largar das havaianas...), mas agora, conformada com este "tem que ser", que me reste a esperança de um próximo verão ainda melhor e nos entretantos que haja alguma animación.

Mutatis Mutandis, MM para os amigos (e nada de trocadilhos fáceis com M&M'S, os chocolates que andam).