sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Missa do Galo

Este ano decidi surpreender a minha mãe e alinhei com ela na Missa do Galo. Na verdade, foi a fuga possível para imprimir nicotina no meu humor. Quando entrei na igreja havia malta a cantar. E assim continuou por mais 20 minutos.  As pessoas cantavam e balançavam, de braços cruzados, com os olhos semicerrados. Por momentos achei que me tinha enganado no spot e que o pessoal tinha ido para ali curtir a moca. 
De 30 em 30 segundos vinha um padre da sacristia espreitar. Devia estar a ver se tinha casa cheia para começar a actuação. A plateia ficou tão compostinha que apareceram 3 padres. O primeiro que falou deixou logo bem claro que o vinho que bebeu ao jantar era dos bons: "Jesus nasceu senhor para se fazer menino". Ninguém reagiu, por isso devo ter sido a única a lançar um risinho e a achar que se tinha enganado.
Esse padre intercalou o discurso com outro, espanhol, cujo tom grave tive dificuldade de dissociar dos monossílabos dos filmes pornográficos. O terceiro só sorria, com as maçãs rosadas, tamanha erar a bebedeira.
De vez em quando vinham pessoas ler passagens do novo testamento. Gostei muito da passagem que uma ucraniana foi ler. Lá no meio foi possível ouvir o nome "Madalena" e não pude deixar de achar piada que tivessem atribuído aquele trecho a uma senhora de profissão duvidosa. 
O primeiro padre recuperou as rédeas e discursou mais uma vez. Foi notória a sua frustração por ter feito o voto de castidade. "Vós, que podeis procriar, ao contrário de mim, enfim. Se bem que para nada é tarde, apesar dos meus cabelos brancos".
Há muito tempo que me destreinei da dinâmica do senta-levanta-benze-ajoelha-reza da missa, por isso nas últimas vezes tenho-me abstido de comportamentos arriscados mantendo-me em pé e calada. Mas desta vez distraí-me com a cotovelada da minha mãe e lancei-me a fazer aquilo que deviam ser três cruzes a começar da testa e que acabou em cinco cruzes, proporcionando a todos uma passagem épica do matrix reloaded.
O padre prosseguiu com a justificação do José na estória. Um visionário do instituto da adopção. Depois avisou que a seguir à hóstia se seguiria um momento de adoração ao menino. A minha mãe perguntou-me: "Vais beijar o menino?". "Não, mãe". "Oh. Porquê?!", perguntou ela como se lhe tivesse acabado de anunciar o nascimento do messias. "Vou esperar pela Páscoa". E ela, em vez de se contentar: "O quê? Pela Páscoa? Não estou a perceber". Tive que responder. "Mãe, porque na Páscoa o homem já tem 33 anos e está no ponto". A senhora contorceu-se toda para controlar o ataque de riso. 
No final, estava já eu a topar o menino de 1,80m da outra bancada, ao lado da sua namoradinha entediante, foram ligar as luzes do presépio, uma réplica fiel, segundo o padre, dos acontecimentos. Fiquei então a saber que a Maria teve a criança sob luz eléctrica e com óptimas condições sanitárias. Só faltava o símbolo da CUF no telhadinho. 
Foi muito giro. Para o ano não falho. É sempre bom estar num sítio sem ser a única que encharcou ao jantar.

MM



terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Preocupações natalícias

Campanhas de Natal 'contribua para um inverno mais quente'. Apetece-me responder que dinheiro não tenho, mas se puder contribuir com massa adiposa, pelo menos três famílias numerosas poderão ter um vislumbre dos trópicos até Maio.
Já estou para aqui a engendrar uma boa desculpa para só me apresentar em casa dos meus pais no dia 24 à hora de jantar e para voltar no dia 25 logo depois do almoço. É que se for antes e vier depois disso, triplico as probabilidades, já por si gigantescas, de me transformar numa nova espécie marinha.
Não participo na feitura das iguarias natalícias há muito tempo. Mas apercebo-me que é costume ser-me incumbida a sua travessia da cozinha para a sala. E nessas viagens muitos exemplares não chegam ao destino. Já de barriga cheia, mas porque o dia impõe e a gula concede, continuo a comer noite dentro como se estivesse a armazenar mantimentos para 6 meses no deserto.
Assim, se for só chegar e atacar o bacalhau (que também já deixou de ser singelamente cozido com couves para passar a ter uma confecção à moda do Chef-sem-noção-das-putas-das-calorias-que-aquilo-leva), há uma pequena esperança de evitar a tragédia.
Já pedi à minha mãe para colocar etiquetas com  informação nutricional em cada travessa. Mandou-me delicada e silenciosamente à merda. Não percebo. Os tempos mudam. Mas a minha mãe não. Continua a testar a minha resistência sem respeito pelos direitos do consumidor.
Depois vem a passagem de ano. E a frustração de não caber no tamanho S. Quiçá nem num M. Ninguém sabe, mas o Apocalipse começará nos provadores da Mango, com uma mulher de olhos raiados a experimentar o L, que é como quem diz 'Extra Large Woman in progress' e nisto, à primeira cedência do fecho, aparece uma equipa do National Geographic para atestar a sobrevivência dos mamutes à época glaciar.
E antes que me acusem de ter problemas psicológicos, aviso que vou agorinha reconfortar o ego com uma tablete de chocolate, formato familiar.
(Mas depois vou à Mango e foi um prazer andarmos por cá).

MM

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Carruagem 11

Depois há aqueles dias em que viajamos 3 horas num transporte público e o nosso sistema nervoso percebe que não vai ter 3 horas de descanso.
O cenário que me rodeia é rocambolesco. O senhor que viaja atrás de mim faz contas de matemática em surdina. Sem olhar para trás, imagino que estará a corrigir testes ou coisa que o valha. Afinal não. Começa a cantar qualquer coisa imperceptível. Depois percebo que está a ler o jornal em voz alta, atribuindo a merecida musicalidade a cada notícia. Dou-lhe o benefício da idade já avançada, pela inerente forte possibilidade de padecer de uma doença do foro psicológico.
A pessoa que se encontra na minha diagonal à esquerda já falou com pelo menos 4 pessoas ao telemóvel e a cada uma delas explicou detalhadamente onde se encontrava naquele preciso momento. No último telefonema disse que ia ler um livro. A expectativa do seu silêncio deu-me algum ânimo. A senhora efectivamente pegou no Aquilino Ribeiro. Mas depois de não mais de 5 minutos entrou outra passageira, que se sentou à frente da leitora-pouco-convicta. Houve uma troca de olhares e depressa decidiram ser as melhores amigas de infância. Partilham da mesma necessidade aguda de falar, de emitir sons vocais independentemente da lógica, do sentido de oportunidade, do conteúdo da conversa, do interesse que pode ou não ter o tema para o interlocutor. E eis que constato que é muito mais fácil manter uma conversa com um estranho. Temos muito mais para dizer. Podemos começar pelo nosso nascimento e passar por cada acontecimento da nossa vida, de preferência levando os bons acontecimentos a uma experiência quase orgásmica para ouvinte e os maus momentos a um nível dramático ainda desconhecido pela indústria cinematográfica. Enquanto uma fala a outra finge ouvir. Na verdade está a pensar numa história ainda mais fantástica para contar. É que entretanto já não é uma conversa, é uma competição e todos os passageiros jurados atentos.
 A senhora ao meu lado - mas felizmente separada pelo corredor – tem poucas semelhanças com um ser humano contemporâneo. Talvez se encaixe no período paleolítico da história mas em vez do fogo descobriu o telemóvel. Sabemos que tem uma cria, a quem liga de 3 em 3 minutos. O pior é que as chamadas vão abaixo por falta de rede e a filha retribui, o que me tem proporcionado ouvir os melhores ring-tones de que há notícia enquanto a senhora não acerta com a tecla de atender. Já sei que deixou um bolo-rei na cozinha ou no quarto, não se sabe muito bem, “vai lá ver, desembrulha para comerem todos e deixa-me um bocado”. Sei também que tem € 2.500,00 que pretende distribuir por 3 contas-poupança para cada uma das crias. No lugar ao seu lado, devidamente afastado do resto da tralha que impossibilita outro ser de se sentar ali (e mesmo que pudesse o mais certo seria não querer), está um tupperware com um franguinho de churrasco que a senhora até propôs dividir com o “pica”, que como eu sentiu o cheiro da iguaria.
Entra um novo passageiro cujo ar civilizado me dá alguma satisfação. Está ao telemóvel, fala de coisas importantes. Depois de uns minutos de conversa diz “isso é mega difícil”. E repete. E repete.
Estas experiências sociais não me dão saúde.
Tanta classe nesta 1.ª classe.


MM

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

No hope No love No Glory, No happy ending

Tenho uma música de fundo para cada situação e para cada estado de espírito. Não sei se acontece a toda a gente, mas a mim acontece desde sempre. É tão absurdo que acho que nunca comentei com ninguém que tenho um DJ todo tatuado a viver dentro de mim. 
Para dias como o de hoje, o DJ personaliza a letra à minha real situação de merda, faz lá as suas misturas, e põe-me a tocar nos ouvidos, num arranjo fabuloso de Jazz, No fucking hope, No fucking love, No fucking glory, and darling, No fucking happy ending.
Hoje choveu até ao magma. O meu cabelo, ainda pouco convencido de que é definitiva a deserção de 20 cm, não está a conseguir manter a compostura. Olhei-me ao espelho do carro às 5 da tarde e senti uma pontada no peito. Estava em forma de trincha. Da mesma maneira que em muitas alturas seria capaz de matar se tivesse uma arma, naquele momento ainda bem que não tinha uma máquina com o pente zero em riste guardada no porta-luvas. 
Vim para casa cedo, sem ser bem isso que me estava a apetecer. O que me apetecia mesmo era sentar-me ao balcão de um bar vazio, beber 10 shots de tequilla e partilhar com o barman todas as minhas frustrações. Nos filmes funciona. E no fim ainda se consegue um tipo que nos leva a casa e nos manda flores no dia seguinte para o trabalho (porque lhe dissemos exactamente onde trabalhamos e o mais provável é termos mijado à porta no caminho para casa, naquela da irreverência). Dois dias depois convida-nos para jantar e andamos nisto durante 3 meses porque de repente tornámo-nos as mulheres mais inconquistáveis do planeta. 
Tudo porque ele não abusou do nosso estado embriagado naquele fim de tarde para nos pinar fortemente antes de ir à vidinha dele. Se o tivesse feito sentiamo-nos despeitadas, pegávamos no número de telemóvel que ele simpaticamente deixou escrito num guardanapo em cima da mesa da nossa sala e tentávamos marcar o "café-rotunda", aquele em que contornamos pela direita a evidência de sermos umas galdérias que vão para a cama com um desconhecido depois de 10, ai 10, 3 shots de tequilla. Vestimos o nosso ar mais sério e a saia mais comprida (just in case, com ligas) e tentamos demonstrar que aquilo foi uma situação isolada, aliás, a primeira, e que num estado normal e sóbrio não aconteceria, que não somos dessas soltas que levam para casa qualquer um. 
É importante este convívio-pós-coito-fortuito. É que, na verdade, nem temos muita noção da informação que lhe passámos na noite anterior. Se ele souber o nome do nosso cão e vier com outros pormenores, talvez seja preciso um segundo café para consolidar aquela pretendida impressão de que somos finas porcelanas e que terem ido para a cama connosco foi, afinal, o maior feito do próximo século. Nós, pelo contrário, desgraçadamente, não sabemos nada sobre ele. O número dele está gravado no nosso telemóvel com o nome "William" - o nome do bar onde o conhecemos.
Tentarmos sacar alguma informação sobre ele é um terreno minado. Só com muita sorte não ouvimos "mas eu disse-te ontem que sou engenheiro electrotécnico". Por dentro está o nosso DJ a mudar o disco para um "toumacagar moço, toumetãoacagar" em estilo bossa nova, mas por fora temos que fazer aquele sorriso envergonhado, e deixar que ele tome as suas considerações e por fim se sinta miserável por se ter aproveitado da nossa vulnerabilidade. 
Isto é o que eu vejo nos filmes, claro.
Neste momento tenho o DJ a mexer nos clássicos e a atirar-me, não sei bem a que propósito, com um Oh yes, I'm the great pretender...

MM






quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Silly Season

O Danone azedou de vez, Le éxecrable gastou as fichas todas e o resto passou a ser natureza morta. De modo que andava assim cabisbaixa, sem animus vivendi, murchinha como a noite.
À segunda semana disse "Basta". Precisava de drama. E pronto, Deus quer, o homem sonha e a obra nasce. Reencontrei um amiguinho (o mercado já impõe ir repescar) que se tinha esfumado corria o louco verão de 2004. Nessa altura éramos pessoas comprometidas, e portanto a fraternidade dominou aquelas longas conversinhas sobre nada e sobre tudo.
Volvida uma década, a história com ele dá um daqueles livros que a pessoa lê em vez de contar carneirinhos. De 10 em 10 páginas há uma promessa vaga de acção, entusiasmamo-nos e lemos mais meia página a ver se a coisa se dá, mas depois vem um sono incontrolável. Mas lá para o capítulo XV, senhores, só paramos de ler quando os órgãos vitais entram em falência.
Ora, o capítulo XV desta história começa numa quarta-feira à noite quando o homem me diz que teve uma proposta para ir trabalhar para Londres. Eu estava com um copo de sangria à frente e a primeira coisa em que pensei foi no segundo. Depois tive toda uma amálgama de sentimentos: sorri interiormente com a naturalidade do fim daquele relacionamento sem salero, 3 minutos depois fiquei triste com a possibilidade de nunca vir a saber se a coisa era para ser ou não, odiei-o 23 segundos e por 45 segundos teve uma importância que nunca tinha tido.
Precisava da minha opinião. Melhor, pôs a decisão na minha mão com aquela do "se me disseres para ficar, eu fico". Apreciei a generosidade mas tive que falar uma boa meia hora para lhe explicar que não sou da Rechousa. Vai lá à tua vida, homem, é uma boa oportunidade, e eu cá fico como Deus quiser e o mercado permitir.
Pediu-me para ir com ele. A ideia não me repugnou à partida. Por momentos imaginei-me em Picadilly a vender churros com grande dignidade. Londres é Londres e seria ele o impulso para me mandar para lá. Não naquela do "largar tudo por amor", entenda-se, porque se fosse o Algarve ou a Tailândia a possibilidade nem se colocava - o que de já por si diz muito sobre as minhas reais intenções com o rapaz.
"Não vou contigo porque não tenho trabalho lá, mas sou menina para ir lá ter depressinha, com um trabalho que me permita ganhar alguma fluência no inglês e com a perspectiva séria de trabalhar na minha área a ganhar 1000 libras por semana".
"Pronto, mas entretanto podes ir lá comigo. Vou na próxima semana". Oh meu amigo, não diga mais nada, no dia seguinte estavam as viagens marcadas.
6 dias e 5 noites em Londres tiveram o condão de me fazer concluir pela absoluta impossibilidade prosseguir com aquele relacionamento. Na primeira noite já estava eu cheia de comichões a pensar que devia dizer-lhe 3 ou 4 coisas que estavam a incomodar. Às 2 e tal da manhã decidi ter essa conversa, sentadinhos que estávamos, de pijama, na banca daquela cozinha londrina. Fui dura na avaliação da personalidade que ele vinha de revelar na última semana: muitas incertezas, nenhuma determinação, uma comiseração sem fim, uma falta de motivação atroz, enfim, todo um conjunto de demonstrações de carácter que já não podia aturar sem dar o meu toque de impaciência. Depois pus turbo no drama e auto vitimizei-me um bocadinho: que ele já não me dava tanta importância, que me sentia simplesmente uma bengala, que ele se tinha desligado de mim e que, meu amigo, se não tratas da flor, ela morre. E morreu (com uma ou duas reanimações já para o fim da semana, depois de uns copos - não sou gaja de perder viagens).
No penúltimo dia disse "Fui", depois de um beijo na testa e de um "boa sorte" muito sentido. Sozinha em Londres. Livre. Totalmente livre. Gosto tanto de liberdade.
Regressei na segunda-feira. Ele regressou na quarta-feira. A flor, que estava morta, desfez-se em cinzas nesse momento,levadas por um vento ciclónico.
De modo que agora estou numa espécie de Silly Season. 
Já não sorria interiormente há alguns dias. Ontem sorri com a constatação de que não tenho nada (leia-se homem) a atormentar-me. Nada. E é tão boa esta sensação de liberdade. 



MM







segunda-feira, 6 de outubro de 2014

rasgos de loucura que dão cor à vida

A verdade é que só me lembro que tenho um blog quando estou possuída da minha vida. E quando faço login, pela idiotice que é o email e a própria palavra- passe, recordo, com um sorriso no rosto, os tempos em que criamos isto. Era um tempo cheio de boa disposição, certamente.

Hoje os meus dias já não são tão engraçados. São chatos até. Aquele morno, que nem lá vai nem deixa ir.

Mas Deus vai brincando comigo e coloca à minha frente gentes que me fazem lembrar o que é sentir raiva, ódio e depois uma certa compaixão comigo mesma.

Eu andei nos escuteiros. Eu andei na catequese. Eu andei embrenhada em coisas várias da igreja. Eu vi todos os filmes da Disney. Eu tenho um pai que, com todos os anteriores intervenientes, me impôs uma série de regras básicas de convivência, valores bonitos e coisas que fariam de mim uma pessoa espetacular.

Pois não serviram de nada. Continuo a ficar f*dida quando a organização/grupo/empresa onde me insiro, e que defendo com unhas e dentes (mesmo sabendo, cá para mim, que nem sempre tem esse mérito todo) fica mal vista pela incompetência de uma só pessoa. Dá vontade de fingir que não conheço ninguém e, de fininho, por-me a léguas.

Um por todos e todos por um.. Que lindo. Mas não consigo. É que dar merda porque somos burros? Ok. Dar merda porque ia além das nossas capacidades? Ok. Dar merda porque uma pessoa actua com vista aos seus interesses, ou com outras motivações obscuras que não consigo atingir, mas não pelo bem do grupo, e todos levarmos com um rótulo de incompetentes? Pah não está nada ok. Está menos ok ainda quando, por motivos vários ou só porque sim, sou eu quem dá a cara pela coisa.

ceteris paribus.

notinha: MM não tens nada para contar ao Mundo? Não queria ser eu a chibar-me, mas já estou tão longe dos princípios morais que os grandes filósofos apregoam que agora, já estou por tudo.


segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Dica do dia

Moço: 

Se a deixaste na merda durante meses
Se lhe destruíste a auto estima
Se ela te apanhou com outra
Se és o maior filho da puta da zona

Não, não tentes retomar contacto
Não peças desculpa
Não tentes explicar
Não chores
Não te ponhas tão a jeito
Ela entretanto recuperou
Vai-te desfazer em húmus.

MM

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Update

Danone: Era Grego, mudaram-lhe o nome para Oikos e deve ter feito um retiro espiritual para ultrapassar a crise de identidade.

Le éxecrable: Apreciava muito vê-lo em destaque no obituário do JN.

O espertalhão: Acho que pensa em mim não propriamente quando está a cozinhar.

O passivo: Pronto, é isso.

O never give up: Admirável determinação em manter um monólogo.

O D. Sebastião: Em análise.

MM


segunda-feira, 18 de agosto de 2014


- Apontar-me 23 defeitos em 20 segundos
- Falar-me da ex e de como ela é espectacular e de como ficou na merda quando acabaram. E nisto vão duas horas de monólogo
- Convidar uma amiga minha para lhe dar uma aulinha lá do desporto que pratica. Na praia
- Ignorar-me durante uma situação social para a qual eu o convidei
- Olhar para o rabo daquela mesma minha amiga
- Ligar-me no dia seguinte de cada uma destas situações
- Como se nada fosse

Das 3, uma:
Ou é o mestre do How Not to do e é deixá-lo viver o sonho, ou acha que sou da Rechousa,  ou confia de caralho na sorte e acha que não sou menina para provocar acidentes chatos.

MM


quarta-feira, 13 de agosto de 2014

5dias sem facebook. Há quem não consiga passar tanto tempo sem beber.

O facebook deixou de fazer parte dos meus dias. Foi a única forma saudável de parar de acompanhar vidas que me irritam. Homens, claro. São os que tenho na minha lista de amigos, que incluí e excluí dos "amigos chegados" demasiadas vezes, são os que já eliminei mas que visito mais do que a página de signos da sapo, são os amigos de uns e outros que esmifro na tentativa de obter mais detalhes sórdidos, enfim.

Pronto, saio eu.

Efeitos colaterais:
-os joguinhos, como Candy Crush e outros que tais, ocupavam muito das minhas noites. Pois estes joguinhos precisam do facebook para me alimentar as vidas e o tempo de jogo. Que desespero. Esperar 20minutos para ter uma vida?!
- Sinto alívio por ser poupada das coças que levava por conta das felicidades dos infelizes que me atormentam a vidinha.
- Estou tão desactualizada sobre o que se passa no mundo como na vida dos meus amigos e "amigos". Não sei quem tem uma amizade duvidosa com quem, quem comeu quem, quem está para comer quem, quem se emborrachou no eskada, quem está a ter umas férias impecáveis, quem está a bater mal porque ainda não foi de férias, quem mandou bocas a quem, etc. Enfim. Absolutamente alheada.
- Acho que nos habituamos todos a ter aquele meio como meio preferencial de comunicação e ignoramos que há outros. Também nos habituámos a ter informações das pessoas sem precisarmos de as pedir. Não ter facebook significa que, da meia dúzia de centenas de "amigos" e amigos, poucos serão os que perguntarão como estamos e poucos são os que eu contactarei para saber como estão, por meios tradicionais (SMS).
- continuo ligadissima ao instagram. Mas poucos dos que me interessa acompanhar utilizam o instagram. A cada 45 minutos é publicada uma foto, sem interesse na maioria dos casos.

Em suma, tenho tanto tempo livre que conseguiria ter um segundo emprego, filhos e cães a meu cargo.

I'll be back. Mas para já é importante este desmame

Centeris paribus

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Ainda bem que isto é anónimo. E assim se manterá porque há coisas que não me digno a admitir.

Um ex, muito ex, avança no facebook que vai fazer um novo furo no corpo. Um mamilo estava já furado, da última vez que o vi, nu.

Os dias passam e não vejo fotos pseudo casuais do tal novo furo. Ok, go girl, find it.

"moço, onde te furaste afinal?"

"ahh, um dia vês"

"o outro mamilo? numa orelha?"

"eu não furo a minha cara. E não furei o outro mamilo"

ai o caraças...! "então...?!"

"genitais"

WTF!!

Primeira reacção: "LOOL tu não eras gajo. Passaste-te?! fdx que nojo,se isso infecciona... como raio vives tu com um furo aí? que raio de intenção tens com isso?"

Segunda reacção, só para mim "eh pah......... :) :) :) :) "

ceteris paribus

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Uma "conversa" entre um casal, ao almoço:

ela (mal se sentou): Olha, temos de ver como vamos fazer.

ele: (silêncio, com os olhos enfiados em qualquer merda que tinha nas mãos)

ela: Posso ir amanhã a casa dos meus pais, porque eles vão para a aldeia e não sei quando posso voltar a estar com eles. Na quarta podíamos ir dar um giro. Saíamos de manhã e voltávamos na sexta.

ele: (silêncio, encolhe os ombros numa expressão que eu traduzi para "tanto me faz")

ela: (bla bla bla bla bla bla bla bla. Eu não consegui acompanhar porque uma notícia na tv se mostrou mais assustadora e interessante, por alguns segundos.)
ela: Ir ao Gerês e não fazer um trilho é um desperdício. Não achas?
ela: Mas espera. Eu não tenho sapatilhas!!!
ela: Ah espera. Tenho, tenho!!! Tenho aquelas outras, sabes?

ele: (silêncio, abano afirmativo de cabeça, pouco convicto mas num "tom" de "tanto me faz")

ela: Pronto está decidido! Vai ser lindo, amor!!!!!

ele: Este empadão é um bocado enjoativo.

Ah fdx. Eu não sei o que quero mas sei bem o que não quero para mim!!! Ah espera. Sei, sei o que quero! Quero ser esperta e perceber quando for a hora da retirada.

ceteris paribus

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

O cosmos


Heliocentrismo: O Sol é o puto do centro do Universo. 

Geocentrismo: A Terra é que domina. 

Ele acha-se o Sol. 
Quem quiser que se mexa à volta dele. Mas que não abuse muito, senão queima ou explode.

Ela acha que é a Terra.
Por causa da sua força gravitacional, tudo o que é merda é com ela ou por causa dela.

Modelos cosmológicos inconciliáveis.

A cada um deles e a ambos: ide-vos foder.

MM

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Um dia, quando fores mãe, vais perceber

"A evolução do ser vivo é notória. E se as mães não têm de lamber os filhos à nascença, porque raio têm de as amamentar como se fossem vacas?!"
 
Esta foi a tirada do ano da querida MM, que obviamente não é mãe... porque se fosse, não falava assim! (-->  E isto é o que uma mãe diria à MM se ouvisse tal javardice mental.)
 
Eu compreendo, e até concordo. Na minha convicção, só o pai da criança terá acesso, controlado, ao meu peito, ad eternum (sou uma romântica). A criança, algures entre a saída do hospital e o fim da licença de maternidade (aos 3 mesitos...a puxar!! ) vai ter de "pegar" outra garrafa. Nunca ninguém morreu por beber leite marca continente.
 
Suspeito que qualquer mãe se benzeria com tais convicções mas vamos lá perceber que, se a gravidez pode não ser uma situação sempre controlável, a amamentação é! Havendo alternativas, e não se pretendendo que a cria morra à fome, a mãe pode bem decidir se quer, ou não, andar com rodelas de algodão a amparar o leite, que escorre inadvertidamente pela camisa, a meio de uma reunião.
 
Mais uma coisinha que concluímos nas nossas longas dissertações sobre o tema:
 
Quem decide quando engravidar? É a mulher. E é uma decisão solitária. E não me venham com a  história "decidimos, em conjunto, ter um filho". Não. A mulher decide que está na hora (há quem diga mesmo que o relógio biológico é uma historinha real). Se o homem concordar, óptimo. Se não, azarito, vai acontecer, sem querer.. (vou mais longe e arrisco afirmar que quando tem de ser, será, sem uma discussão prévia sobre o tema...). E se o homem quer mas a mulher não.. azarito, vai ter de esperar que Deus me permita engravidar, e às tantas descubro uma infertilidade temporária que mezinha nenhuma trata. O ideal é não haver discussão sobre este tema, entre o casal. Não vamos fingir que isto se decide em conjunto, numa conversa fofinha, no intervalo da novela da noite. Vai dar merda se a opinião do homem não for coincidente com a da mulher. 

A mulher tomará então as suas precauções até considerar que é o momento ideal. Vai certamente ter em linha de conta:
- a situação patrimonial do casal (ela sabe bem que terá de haver dinheiro para renovar o seu quarto de vestir e a sapateira e dizem os entendidos que uma criança faz aumentar os custos mensais do casal em 250€ - 900€/mês. Ela fará bem essas continhas todas, se tiver o mínimo de inteligência),
- o estado da relação (depois dá-se o caso de engravidar para segurar a relação, que sabemos todos ser a coisa mais parva a fazer em fase de ruptura),

e enfim. Procriará. Com ou sem pai presente, a coisa se arranjará da melhor forma.
 
Surpresa.. é mesmo assim que funciona, meus caros. E tentar contraria-se/discutir-se uma destas convicções  vai resultar certamente na ruptura do casal.

So... e como diriam os mais velhos, "o que não tem remédio, remediado está".

E como diria o outro " ou lidas com isso ou não lidas".
 
ceteris paribus

terça-feira, 29 de julho de 2014

Em implosão.

A cada pessoa que se aproxima de mim e tem a distinta lata de falar comigo, a minha reação silenciosa varia entre as seguintes opções:
- Quero que tu te fodas.
- Qual é a minha opinião? Que devias ir para a grande puta que te pariu.
- Apreciava muito que te fosses foder.
- Se fosses levar na bilha não era pior.
- Estou-me sobejamente a cagar para ti.
- Isso é tudo falta de sexo?
- E ires andando? Para o caralhinho, não?
- Gostava muito de te oferecer flores. Uma coroa de flores.
- A puta da ponte fica perto.

MM




segunda-feira, 28 de julho de 2014

Em modo test drive

Ninguém compra um carro sem dar uma voltinha primeiro. 
Se anda bem, se faz bem as curvas, se é confortável, se é seguro, se reage bem às nossas ordens, se nos satisfaz todas as necessidades, se não nos deixa ficar mal, se é bonito, se dá sainete, que funcionalidades tem, que tempo de vida terá. Se não há outro melhor.
Pronto, e o carro sou eu.


MM

Felicidade é

- Num bar ou discoteca, ir ao wc, escolher, ou seguir o único compartimento livre, e encontrar papel higiénico.

É estranho mas sinto mesmo uma coisa bonita dentro de mim nessas horas.

ceteris paribus

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Afrodisíaco

Passam pelo exterior de uma igreja onde estão os noivos e os convivas.

Ele: Vão lá, vão lá depressinha, é agora ou nunca.
Ela: Já se casaram... 
Ele: Como é que sabes?
Ela: Os noivos estão os dois cá fora... 
Ele: Ah. Sabes, nunca me casei.

Pára tudo.

Ele nunca se casou.

Ele não é divorciado.

Nem casado.

Não tem filhos.

Silêncio.

Desfruta.


MM

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Opinadela #1


ora mais uma rúbrica que abro mas que não passará do registo #1.

"Opinadelas sobre facebook" pretende ser um conjunto de opinadelas sobre facebook.

Para início de conversa: Aniversários.

O que acontece quando verificamos na coluna dos eventos do dia que fulano A, B,C e D fazem anos?

- "mais logo trato disto"

- "fdx não fosse o facebook nunca na vidinha me lembraria que o fulano faz anos. `muitos parabéns pah! felicidades! beijooooooooooo!`"

- "deixa-me já tratar disto. `parabéns fulano A´ .`parabéns fulano B`. ´parabéns!! ;)` . E na tentativa de repetir o discurso para o C... Ei este gajo tem-me bloqueada. Não consigo escrever no mural dele.. certo. Também não me mato mais para tentar chegar até ti de outra forma."

- Fulano A, amigo, faz anos na quarta feira, daqui a 15 dias. Falta uma semana. É daqui a 4h, por isso tenho de arranjar um bolo e uma vela, um copo de vinho do porto e uma expressão quase de `hoje é uma noite como as outras`, quando às 00.00 sai um "PARABENSS PAH, fdx estás crescida", se possível pessoalmente. E no fb `meu animal fazes anos e não pagas um copo?´, "parabéns crl!", etc.

- E depois as pessoas "especiais" (homens, entenda-se. Em particular os que não tens mas gostavas de ter, ou já tiveste e não te importavas de voltar a ter, ou os que vais tendo): daqui a um mês ele faz anos. É daqui a um mês menos um dia. É daqui a um mês menos dois dias. É já daqui a 2 semanas. É amanhã. É daqui a 10 minutos. Mando agora mensagem ou dou uma de parva e espero pela meia noite menos dois minutos do dia seguinte? Digo agora, não aguento! ´Parabéns!!!` (e aguardas pacientemente um like e uma resposta entusiasta, ou temos o caldo entornado).

 

Na perspectiva do tal fulano A, B, C ou D:

- Olha este!! Que fofo! Mal me conhece mas dá-me os parabéns!

- Olha este, que fixe! Oh tão querido! Oh tão seco…! Oh, foi profundo, que lindo!

- ´H Bday´, ´PB´, e outros conjuntinhos  de letras quase imperceptíveis, não fosse o tema do dia, fdx.. valia mais não dizerem nada. Sou te tão indiferente que nem mereço dois segundos teus para escreveres um p.a.r.a.b.e.n.s completo?

- o tlm não se cala. Toca que se farta, mas apenas com as notificações do fb. Sms só mesmo dos que são muito muito próximos e esses resumem-se a família (alguns dos familiares porque não dominam, ou não têm, fb) e aqueles 3 amigos de sempre, que não vivem na mesma cidade que eu.

- e depois as pessoas "especiais" (no meu caso): um não se manifesta, de todo; outro também não dá ar da sua existência até às 6 da tarde, quando então mostra todo o seu esplendor e condescendência e liga-me; outro nada diz até ao dia seguinte, quando então mostra toda a sua magnitude e manda sms a dizer que no dia anterior não teve oportunidade mas `muuuuiitosss parabéns linda. Temos de nos encontrar´. Outro, da mais antiga história, de todas as recentes e adultas histórias, renasce das cinzas e, apesar de constituída família, sai-se com um simples mas magnifico `parabéns...beijinho...´. Fdx qual bálsamo! Foi tão filho da mãe comigo mas não interessa...Afinal o único que exprimiu um sentimento fofo por mim, através de singelas reticências e o “beijinho” no singular...

- Nos dias seguintes, já num uso normal do fb vamos-nos confrontando com pessoas que não nos deram os parabéns. 1º pensamento: olha este gajo não me deu os parabéns… fogo….:( . 2º pensamento: eu não senti falta, é um facto. Foi preciso ver um post do tipo dias depois para lembrar da sua existência.
-E aquelas pessoas de quem sentimos falta, a menos que façam anos só daqui a 8 meses(depois disso não garanto lembrar de quem se esqueceu), vão ter menos um `anónimo´ a dar-lhe os parabéns no seu, tão especial, dia..  
(aproveitei para expressar os meus sentimentos acerca deste tema.. mas é uma opinadela igualmente válida e, na verdade, na sua essência, isenta e aplicável a qualquer ser humanos.. ! ...secalhar só aplicável a mulheres....! )

ceteris paribus

drama queen

Tem sido inacreditável a sucessão de acontecimentos (e de não-acontecimentos) que nos últimos tempos conseguem tornar cada dia, único.

Todos os dias receio o dia seguinte.

E o mais fantástico é o tema em que assentam esses acontecimentos. Não me recordo de ter tido uma adolescência- lugar próprio para isto-  tão difícil. Podia antever-se que, na minha idade, o problema seria trabalho, dinheiro, status, casa e contas para pagar and so on. Mas não. Estou presa à merda da adolescência e nem das borbulhas me livro.

Eu choro porque sim e também porque não. Eu animo-me com a possibilidade de, e deprimo com a possibilidade de não. Eu não consigo manter a calma e esperar para ver. Deixar rolar não é hipótese. E "cagar nisso" é absolutamente inalcançável.

Drama de hoje:

Decorre um evento na cidade que me parece ser uma espécie de Queima das Fitas para adultos, muitos destes adultos sedentos ou abertos a vivências próprias da queima das fitas. Neste evento estão todos os seres capazes de arrasar com o meu ego e tornar os próximos dias muito difíceis para mim e para os que mais me são próximos.

E que faço eu em relação ao tema? Nada, como de costume. Sentar, ver passar (com base nos registos de facebook e nos relatos de contactos priviligiados) e acenar. Tudo o que poderia fazer não me beneficiaria em absolutamente nada.

E assim de repente parece que ando numa roda viva, a rodar uns e outros e em festarolas constantes, a vivenciar acontecimentos concretos e reais. Mas não. É o marasmo absoluto na minha vida. A todos os níveis. E por isso na minha cabeça sobra espaço para dramas e sensibilidades.

Não seria sequer suposto isto ser tema para uma "blogger" da minha idade quanto mais ser uma realidade de uma pessoa da minha idade.

ceteris paribus

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Em modo autista.

Aquela sensação de nada. Sim, vamos filosofar. Estou em dia de existencialismo, de indagação sobre o meu papel no filha da mãe deste mundo. Acordei desencontrada com tudo à minha volta. Se calhar foi o novo toque do despertador que despoletou todo este momento de introspecção.
Demorei uns minutos a perceber que aquele era o sinal de que tinha que me fazer à vida. Bem, mas qual vida?
E a música continuava...but that was when i ruled the world...
Bem, eu cá nunca dominei o mundo, pensei. Mas já tive dias melhores. Tive?
Outros tantos minutos para me situar no programa das festas. Levantar o panelo, tomar banho, vestir (o quê, meu Deus, se não tenho roupa?), ir trabalhar (vulgo morrer mais um pouco), ir ao treino fortalecer o abdominal (achas mesmo que vais ter um corpo decente para te pores de biquini meia horinha na praia?! Tens tanta graça).
Comecei então a pensar com mais pormenor. Trabalho: foda-se, eu não nasci para aquilo. O mais incrível é que nunca ninguém me disse isso na cara, todos vão condescendendo. O que me pagam é, bem vista a coisa, mais do que mereço. A senhora da limpeza ao menos deixa o chão a cheirar bem.
Estou no último nível de enfartamento, a seguir dá-se o holocausto laboral. E talvez, no fundo, nunca tenha gostado assim tanto daquele trabalho. Não deve ser coisa de agora, talvez seja até coisa de sempre que tenho tentado contrariar. Não tenho jeito para aquilo. Nem gosto. Ou não gosto nem tenho jeito.
O meu subconsciente tem-me pregado partidas destas, de arranjar tomates para dizer umas coisas ao consciente. Temo que a seguir me diga que afinal gosto é de gajas.
Retomando: sou completamente dispensável no trabalho. Chego a ter pena de ainda não terem reparado nisso. Deverei, num rasgo de honestidade, avisar a chefia de que há alguém que às tantas devia ser posto a andar?
Há umas semanas decidi que queria tirar outro curso. Completamente diferente do meu mas muito útil às minhas necessidades na convivência com o próximo (e o anterior) - Psicologia. Houve pessoas a apoiar a ideia, por mais estapafúrdia que lhes pareça. Houve outras a reagir como se eu estivesse a fazer o pino ao mesmo que dançava cancan e fazia pipocas. Riram-se. Outras que não se ocuparam mais de dois segundos com o tema. Descansem todos, o concurso só tem 6 vagas e eu ficarei, certamente, no 1.º lugar dos suplentes. Nessa altura a ideia de tirar psicologia será como tantas outras ideias que já tive: um fracasso que nem chegou a ser.
Enquanto pensava nisto, já de banho tomado, pus-me em frente ao roupeiro. Precisava de alguma coisa que fizesse pendant com a inocuidade da minha existência. Escolhi então umas calças de ganga sincronizadas com uma camisola e um lenço já cansado de tanto uso em tantas situações.
Tenho que fazer o saco para o treino. Será que devo insistir no treino de boxe? Vá, não vamos agora desistir de tudo e de todos. Está bem que a merda das luvas te foram oferecidas por aquele traste e ainda não te dignaste a comprar outras, mas vá, nem costumas pensar nisso, e até gostas daquilo. Também não tens jeito nenhum para aquilo, é preciso coordenação, táctica, inteligência, concentração, e tu é mais siga-murro-para-a-frente, mas pronto, pagas para que te tolerem.
No fundo, há uma certa benevolência do Universo. Tolera-me. Assim como as pessoas que conheço e vou conhecendo. Toleram-me. Mas há outras que se deixam de merdas e assumem que a minha existência lhes causa algum mau estar.
A minha mãe é pessoa para gostar de mim à brava por causa daquela cena de me ter carregado no ventre durante 9 meses (se é que lá estive tanto tempo) e blá blá blá. Já o meu pai....tem dias. A veneração do meu irmão vai-se esfumando a cada publicação no Facebook onde apareço encostada a um copo de vinho (podia poupá-lo desta informação, mas também gostava muito de o afastar de todos os males do mundo e não posso). Depois há 3 ou 5 pessoas que arrisco afirmar que vão à bola comigo.
Estava eu a pensar nisto e já o subconsciente se estava a rir às gargalhadas. Não dei importância imediatamente, tive que ir à caixa de ferramentas e martelar a porcaria de um prego que estava a querer sair da sandália. Fui tomar o pequeno almoço, qual abutre esfomeado, a senhora das cartas lá estava na televisão a ditar a sorte às pessoinhas. O meu subconsciente ria-se tanto que tive que lhe dar atenção. Ria-se porque descobriu a verdadeira razão de toda aquela frustração matinal: gajo. 
Não se contrariam as evidências. Pois claro que o problema aqui é todo gajo. Não o de há uma semana nem o de há um mês, isso são águas passadas, o de agora, que também não é só de agora.
MM gosta de viver no limite. Sai de uma situação de merda. Ainda está namerda, aquele período que devia ser de jacência, e mete-se noutra. 
Enfim, fechei a porta de casa, entrei no carro, fui trabalhar e passei o dia em modo autista.
E no meio de tanta reflexão nenhuma luz a indicar a puta da direcção que tenho que dar à minha vida.

MM








sexta-feira, 11 de julho de 2014

Coisas que me atrapalham o discernimento.

"Esse sapato fica muito bem no pé". Pá...o mundo desmorona-se. Eu que estava a pensar em usar o sapato no cotovelo, vem a senhora da loja dizer-me que assenta muito bem mas é no pé. 

MM




"Go with the flow" o tanas.

Tenho uma nova conselheira espiritual. 
Depois de um intróito já pouco auspicioso, toda a consulta prosseguiu com diagnósticos, prognósticos e esgares bem expressivos da bandalheira que está a minha vida. Mas é temporário, estou em transição de ciclos. Lá para o início do próximo ano, com um já menos caótico final de 2014, a coisa começa a querer (ainda assim só a querer) mudar de rumo. Enquanto vai e não vai, o remédio é...não fazer nada. Não aquele "não fazer nada" de me deixar levar pelo vento mas um "não fazer nada" de deliberadamente nada fazer. Reclusão é a palavra de ordem. Acabou-se o regabofe. MM tem que encostar as luvas e aprender uma ou duas coisinhas para poder existir neste mundo.
"Faz tudo parte da aprendizagem", dizia-me ela. Pois eu cá acho que passava bem sem as excentricidades do universo. Queixava-me da pasmaceira dos últimos anos, eu sei, mas não era preciso uma megalomania destas. 

De modo que vou ali telefonar às Carmelitas.

MM

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Fim de conversa

A médica ligou. Estou (quase) limpa de bichezas (HPV portanto). Tenho uns seres em mim, mas que não me incomodam e não vão parar às pilas dos seres abençoados que eventualmente se venham a relacionar comigo.

(que "s.e  v.e.n.h.a.m  a relacionar comigo"?! really?!)

E por falar em coisas que podiam ser só boas mas que, às tantas, sem juízo, se podem traduzir em noites incómodas:



Não pah, não! Ou tiram tudo ou deixam estar!!
Fica a dica. De graça.

ceteris paribus

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Pendências


O Danone
Aquele gajo que aparece passados 3 anos.
É como um iogurte fora da validade. Temos consciência de que a coisa pode correr mal. 
Mas comemos na mesma. 

Le éxecrable
Quem?
Já só faço uma vigia por semana. 

O espertalhão
Aquele gajo que nos pede um contrato-promessa antes de denunciar o anterior.

O passivo
Aquele gajo que se põe sempre na linha de corrida mas que não ouve o tiro de partida.
A corrida acaba, começa outra e o moço ainda está a pôr combustível.

O never give up
Aquele gajo que todas as semanas manda sms, não tem resposta, mas não desiste. Sou uma cena que vale mesmo muito a pena.

MM


quarta-feira, 2 de julho de 2014

Fazedor de teses

Um "fazedor de teses" é o humano abençoado pelo divino, capaz de desenrolar teses aparentemente pensadas desde o dia em que aprendeu o a,e,i,o,u, e que nos presenteia com estas, no que se pretendia que fosse um diálogo de sábado à noite, despoletado por um simples mote como "então e como vai a vidinha?".

Ora o fazedor não precisa de temas complexos. Quaisquer três palavras comuns servem de combustível para o despoletar de uma explosão de pensamentos, regras para a vida e óbvias conclusões sobre o tema. Não é coisa que dure menos de 15 minutos, cada tema. E se o "ouvinte" se atrever a interromper o discurso erudito com um "mas não achas que...".. já foste! Passa logo à faixa seguinte, e são prometidos novos 15 minutos de outra, e igualmente, desenvolvida e complexa tese.

O que se pretendia ser uma conversa leve, um diálogo, passa a monólogo. O ouvinte rapidamente percebe que não deve emitir qualquer som que possa ser entendido como mote para a tese seguinte. Cala-se, sorri, qual barbie, e vai para casa com o rótulo, certamente, de pessoa desinteressante mas mais rica agora de conhecimentos.

Tenho conhecido poucas pessoas assim, mas as suficientes já que cada uma destas me entedia de morte.

E pronto, foi um post solto, leve, mas cheio de conhecimento relevante.

ceteris paribus

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Arrastar-me para o trabalho é de uma penosidade tal que a palavra "tortura" eleva-se a um outro nível. Depois do fulgor laboral que sempre precede um feriado, o regresso, depois desse feriado, é como quem me arranca cada uma das 20 unhas num processo minuciosamente lento.
O meu aspecto denuncia 3 horinhas de sono conturbado (não dormisses ontem até às 15h00) e todo um entusiasmo frenético por estar neste mundo.
A propósito do feriado, Saint John, os seguintes pensamentos dispersos:
- É capaz de ser chato passar do moet chandon para a sangria da tia micas servida no copinho de plástico;
- Vi a versatilidade e a capacidade de adaptação atingirem a sua máxima concretização. Posso morrer em paz;
- A amizade tem as suas intermitências. Ou as suas modalidades;
- É desagradável quando se constata que as pessoas do "plano b" tiveram uma noite muito mais animada.
Adiante.
Le exécrable mudou de casa. É tão burro que antes de me mandar às urtigas disse-me exactamente que apartamento pretendia comprar. "São aquelas quatro janelas". Tenho passado, por mero acaso, pelas "quatro janelas". E também por acaso vi-o entrar na garagem das "quatro janelas", depois a dirigir-se ao café ao lado das "quatro janelas", onde esteve, não sei, não reparei, mas mais ou menos 23 minutos, sozinho ('tadinho) e, por fim, arrastado pela solidão, a dirigir-se para o seu novo templo. 
É preciso muito azar para o gajo que me deu com os pés mudar de casa e viver, AGORA, a menos de 1km de mim. Não fossem as árvores a mostrar a sua valentia primaveril, conseguia ver da minha janela "as quatro janelas". Mas são de folha caduca, as fofas, e no Inverno quaisquer binóculos permitirão observar toda a la movida do templo. Longe de mim espreitar as vidas alheias, mas sou uma apaixonada pela natureza e tenho por hobby por-me à janela de binóculos à procura de passarinhos que pousam delicadamente nos parapeitos das janelas. Vai que pousa um numa das "quatro janelas", não vou desviar o olhar, não é?
Esta semana vai terminar em grande, com duas crateras no queixo, cerca de 15 Kg a mais e um encontro matinal com Monsieur Le exécrable. Conto embriagar-me a partir das 18 h de sexta-feira. Vai ser um misto entre afogar mágoas e festejar o telefonema que a CP vai receber, em que lhe dirão: "Está tudo bem. E já agora, desculpe te-la alarmado, sabe, costumo lidar com gente que come livros de medicina ao pequeno almoço. Eu sou uma besta mas pronto, we always have internet".

MM



segunda-feira, 23 de junho de 2014

Deus existe e a internet também

Dia 23 de Junho, véspera de feriado e dia tirado para pôr em dia uma série de pendências. 
Ora que decorridos alguns agonizantes dias após o telefonema da médica, decido pôr fim ao meu desconhecimento sobre HPV. Já o devia ter feito há muito, e evitava pesadelos tenebrosos.
Ora então o vírus Hpv é sexualmente transmissível. Portanto está identificado o "porquê eu". Não sei quem foi o transmitente e a julgar pelas fotos da coisa, que vi na net, fico em total desconhecimento. (Não aconselho esta pesquisa. É do pior)
Do hpv ao cancro: o hpv causa, sem recorrer a termos técnicos, feridas. Estas feridas, não tratadas,com os anos, transformam-se potencialmente em cancro (90% do cancro do útero está em pessoas com hpv).
O hpv aparece e desaparece, sendo o próprio organismo quem trata da coisa. Dura é algum tempo( entre 6 meses e 2 anos).
O tratamento passa essencialmente por retirar do útero as lesões com intervenções mais ou menos simples e com medicamentos, que dão ao corpo a capacidade de matar o "bicho".
O preservativo não impede totalmente a transmissão mas é a única coisa que se pode fazer para evitar o possível.. O "bicho" pode estar em qualquer parte do pénis (ou outras partes do corpo) não tapadas pelo preservativo ( não ver fotos) e passa com o contacto com a mucosa da mulher. Ora sexo oral, anal, normal, brincadeirinha de adolescentes, tudo serve para o "bicho" cá vir parar ( não ver fotos, não é bonito).

Concluindo:
Eu nunca vi uma pila com o "bicho", mas elas andam aí;
Possivelmente tenho uma DST ( dassss,que custa assumir isto...);
Eu não vou quinar (por causa disto, agora);
Eu não terei de passar por qualquer tratamento que me tire as forcinhas e o cabelo. ( não por causa disto,agora).

E pronto, aconteceu o que eu andei a desejar com todas as forcinhas: não ter este assunto como inspiração paradezenas de posts, prolongados e espaçados no tempo. 

Agora é esperar o resultado do exame, tirar o que tiver de tirar, se tiver de tirar, tomar umas cenas e garantir que,em próximos contactos com o ser masculino, há um exame visual prévio ao acto, e no caso de haver "bicho", fingir atender um telefonema urgente, pirar-me rapidinho, lavar-me com álcool e rezar um pai nosso. Minimizar brincadeiras desprotegidas com o uso, atempado, de preservativo. Ir ao ginecologista, de forma sagrada, ano a ano.

Nota:obrigada mm pelas notas introdutórias acerca do tema e por teres instalado em mim a esperança e forcinhas para vir à net sacar o prognóstico. 

Ceteris paribus

sexta-feira, 20 de junho de 2014

os problemas curriqueiros fazem-me feliz

Dia 18 de Junho, fim de tarde de um dia normal
Ligam-me do hospital, onde fiz uns exames rotineiros há 15 dias atrás, para me pedirem autorização para fazer novos exames à colheita. Uma anomalia não identificada justifica, por precaução, despistar o HPV com novos exames.
Depois de autorizar tentei resolver a tal da anomalia não identificada com lágrimas, e no fim da noite ainda não tinha, nem a resposta ao tão estúpido "porquê pah? fdx , que puta de sorte" nem, certamente, a questão resolvida.

Dia 19, com a cara inchada e uma espécie de dormência mental
A MM faz-me o obséquio de me lembrar que há uma coisa chamada internet, onde podemos sacar mais info sobre a anomalia-não-identificada (cuja única identificação que me deram foi HPV). E coisas espetaculares se descobrem sobre este mundo. As pilas não circuncidadas são óptimos condutores do bicho. Espetacular. Além de ser possível ter de lidar com esta merda ainda vou ter de dizer à minha mãe, sem o dizer, que foi uma pila não circuncidada que me deu este novo alento à vida. Mais ainda, não sei quem é o dono da tal pila porque basicamemente, nos últimos 4 anos (altura do último exame feito), eles não foram tantos nem mais que os meses do ano mas não houve um único com quem eu tenha usado protecção de inicio ao fim, if you know what i mean.

Estava tão, mas tão, bem como os meus dramas amorosos. Um dos meus dramas (homem) ficou noivo e o outro anda numa rica vida de noite, putas e vinho verde. E aquela insatisfação profissional? e a vontade de ganhar mais dinheiro? Coisas que hoje me parecem assim um bocado para o inútil, no caso disto dar merda.

E daqui a 15 dias fico a saber se compro sapatos ou uns lenços bonitos.

Pergunto-me como vou amparar os meus pais, irmãs e avó. Pergunto-me como vou eu conseguir trabalhar e não ser despedida. Pergunto-me se a ideia de adoptar passará a ser imperativa, e não opcional. Enfim, e nos próximos 15 dias de espera (que podem acabar com um : olhe que sorte, está tudo bem. Está só com uma infecçãozita que se trata com dois comprimidos, durante 10 dias) a quantidade de perguntas sem resposta vão-me mantendo à tona de água. Quando as perguntas tiverem resposta é que vai ser o caralho.

(sim, no caso, fico com estatuto para dizer as asneiras que eu quiser)

ceteris paribus

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Sexta-feira E a vida selvagem.

Contextualização:
- Ele (esse) tentou ligar-me a meio da tarde de um dia a meio da semana. 
- Não me limitei a não atender, quis marcar posição e rejeitei a chamada.
- Não devolvi a chamada. 
- Senti algum inchaço de orgulho em mim própria. Pela indiferença demonstrada e verdadeiramente sentida.
Apesar disso,
- Porra, ele telefonou-me para quê? O que raio é que ele pode querer de mim? Tem que ser algum assunto de trabalho, só pode, mas qual, porquê? 
Vai daí,
- Reunião extraordinária com a CP para averiguação de hipóteses e razões para o sucedido.
- Chegámos então a 4 ou 5 razões possíveis para aquele telefonema.
- Antevendo o encontro a acontecer na manhã de hoje (o 2.º da semana!), preparámos 6 discursos diferentes para reagir a 10 tipos de abordagem.
- Pontos obrigatórios do discurso: não mencionar o telefonema; falar objectivamente sobre assuntos de trabalho ainda pendentes; olhar de cima; Poker face para qualquer tipo de alusão a assuntos pessoais; três ou quatro chavões impreteríveis.
Sexta-feira, 10h00:
- Vestida a preceito (se bem que não me sentia assim nada espectacular).
- Companhia masculina. Um tipo novo, com bom ar e sem fazer a mínima ideia das razões da sua convocação. 
- Preparadíssima.

Sucede que,
O gajo aparece. Vê-me. Olha de cima a baixo o meu compincha. Segue. Indiferente.Sem me falar.

1.º pensamento: fo**-se. A sério? Fooooo**-se. E agora? 
Fervi tanto que, num ímpeto, foquei-o, dirigi-me a ele, cumprimentei-o e disse: "telefonaste-me...querias o quê?". "Queria saber para que horas tinha ficado isto".

Conclusão:
- Aconteceu a única coisa em que não pensei,
- Fiz tudo o que não queria fazer,
- Ele justificou o telefonema com a coisa que nem de longe me passou pela cabeça.

É um Senhor.



MM



terça-feira, 3 de junho de 2014

Apontamentos sinistros do quotidiano #1


O chefe diz que lhe apetece dar-me umas dentadas.
Era no mau sentido, na medida em que lhe coloquei à soberana consideração quase 70 páginas de eloquência em estado bruto para ele analisar e lapidar como bem lhe aprouvesse em duas ou três horinhas. Mas não deixa de ser sinistra a fórmula que utilizou para se rebelar contra a minha sapiente lata.
E isto ouvido por quem está privado de sono há 31 horas dá que pensar. A acrescentar só mesmo o encontro matinal com a pessoa que mais maravilhas me fez ao ego nos últimos 10 anos. As pernas tremiam tanto que quase podia ser contratada para fornecer energia eólica a uma comunidade de 10.000 habitantes. Sabia que era possível encontrá-lo, não foi assim um acontecimento à estúpida, imprevisto. Adornei-me num casual chic patrocinado, repeti 11 vezes em voz alta a máxima "vale mais parecer do que ser" e tudo correu bem até ao impacto com aquele ser execrável. Engraçado: comportou-se como se não contasse ver-me ali, num misto de "olha, que curioso ver-te aqui, iupi, 'tás boa miúda?" com um "conheço-te de algum lado, não sei bem de onde, ó, já sei, é aquela totó que andei a comer". Mas houve um apontamento que denunciou toda uma premeditação: o outfit.
Não estava com a habitual albarda de trabalho, estava vestido como fazia questão de andar quando se fazia acompanhar pela minha elegante pessoa. Ou então sou só eu a não querer ser a única que preparou de véspera a indumentária do eventual reencontro,  tão fingidamente inusitado. Mas de vez em quando dá-me esta coisa de achar que sou importante. E que às tantas o gajo pensou mesmo em mim quando escolheu a roupa de manhã. É não ligar. A PDM passa. É seguir o instinto, e o gajo,  que aparece a loira e a esperança passa a ser a de o gajo ter pensado em mim pelo menos enquanto me pinava (não há maneira elegante dizer isto).


MM

domingo, 1 de junho de 2014

Gosto muito de pessoas que me esfregam na cara o quão miserável é a minha vida.


- Uma noiva que sai do prédio onde eu estou a entrar para passar uma linda tarde e noite e madrugada à frente do computador.
- Um ex-interessado-que dispensei-porque-se-mostrou-demasiado-interessado que põe no Facebook "numa relação com".
- Um casal feliz que festeja o seu 1º aniversário de casamento em Paris.
- Pessoas que estão no Rock in Rio.
- Pessoas que estão em grandes jantaradas e postam as iguarias que vão degustar calmamente ao mesmo tempo que eu mando abaixo um pacote de 5 bolachas frígidas.
- Pessoas que certamente estão neste momento a pinar fortemente caso contrário haveria posts no Facebook.
- Pessoas que estão a ver o Sabadabadão na SIC.
- Pessoas que estão a beber copos na baixa.
- Pessoas que mandam postas existencialistas eloquentes e eu nem uma frase entendível por uma criança consigo articular.
- Nem vou falar do que vai no Instagram. 

MM