terça-feira, 29 de novembro de 2011

F***-** (é vírgula nos meus pensamentos)

Pessoas burras e/ou estúpidas. Não tenho paciência. Não tenho capacidade para manter uma conversa com uma pessoa muito burra e/ou muito estúpida. Pode ser apenas um problema meu, porque não atinjo, não alcanço, não consigo acompanhar o raciocínio.
Irrita-me muito estar a falar com um busto humano. Hoje falei com vários.
Estou para aqui a contorcer-me de raiva, tenho, sem exagero, 7 úlceras no estômago. É nestas alturas que tenho consciência de que devia praticar um desporto. Um qualquer, nem que fosse coleccionar selos (uma prática que já me foi vivamente recomendada para libertar stress - oi?).
A odisseia começou cedinho. Estou de férias e levantei-me às 8h00. Para quê? Para ir dar sangue. Ninguém me obriga, vou lá porque quero, porque acho que devo, porque tenho cabedal para isso e apesar de todos os inconvenientes da coisa, inclusive o de já ter visto a minha vidinha por um fio em cima de uma maldita maca. E também porque descobri que agora o serviço só funciona durante a semana e aproveitei a minha disponibilidade, rara a uma segunda-feira.
Cheguei, o espaço físico estava lá aberto ao povo, mas não encontrei ninguém. Nin-guém. Ora, como aquilo não é self service, tive que me conformar com a falta de gente com vontade para me espetar um cano (não, aquilo não é uma agulha inocente) pela veia acima e fiz o caminho inverso em direcção à porta de saída do hospital (serventia daquela casa). 
Encontrei a médica do serviço. Ora então, deixa-me aqui perguntar à Senhora o que se passa. "A funcionária administrativa faltou", disse-me ela. E eu fiquei passivamente à espera que ela concluísse com um motivo. Não, era mesmo aquele. Seguiu-se uma conversa pouco simpática, muito por virtude da arrogância da Senhora, a quem fiz perceber duas ou três ideias básicas.
E é o que temos. Falta uma funcionária (cujo trabalho é perguntar-nos o nome, registar no computador a nossa "visita", dar-nos uma ficha para preencher e colocar essa mesma ficha no gabinete do médico) e tudo pára. Certo. Estavam médicos, enfermeiros e auxiliares. Mas faltou a Sra. da recepção. Há pessoas insubstituíveis ou não há? Quero muito pedir um autógrafo a esta, que deve ser a última no planeta.
Por acaso no meu trabalho, que não tem a felicidade de se adjectivar de "público", também é assim, uma pessoa falta e as que ficam nem têm que assegurar os serviços daquela, não vá o verniz estalar-se se tivermos que descer do pedestal. Fechamos o tasco porque ao fim do mês o chefe paga na mesma. (Azarito estes cortes na função pública, não é? Divina providência, é o que é).

E amanhã tenho que fazer caber todas as minhas necessidades numa mala de cabine. E sei que me vou chatear, já sinto lobo frontal a latejar.
E porra, hoje tudo me chateia.

Mutatis Mutandis

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Desculpem-me lá o mau jeito mas.. xau aí, fui

Chega-se o momento tão esperado desde o mês de Agosto passado. Os feriados de Dezembro e as mini férias que são tiradas, não por acaso, nesta altura, minimizando-se os dias de falta ao trabalho à conta destes mesmos feriados.

Um pequeno aparte, mas que acaba por ir de encontro com o que me vai na alma, hoje é dia de greve.. e eu adorava ficar em casa ou ir para uma praça pública conversar e dar uns gritos de guerra contra o tão chamado "sistema" mas tenho mesmo muito que fazer no escritório.. e tenho cá a sensação que este dia apenas se iria reflectir na descida do meu salário e acabava por não resolver coisa nenhuma. Por outro lado sou mais adepta de outras posturas como, por exemplo, a das pessoas da Sicasal. A fábrica arde e os colaboradores passam do desmanche da carne para a lavagem e recuperação de maquinarias e espaço físico. Isssstooo é acção que se tenha para ultrapassar a crise!! Não é a parar o trabalho para ir gritar para a porta do primeiro ministro. Em termos práticos a primeira opção de facto resulta em algo. Os colaboradores da Sicasal não perdem o seu trabalho, são remunerados, elevam o reconhecimento da marca no mercado por tão bonito gesto e ficarão todos a ganhar com a possibilidade de não ver a casa fechada e com jeito até um aumento de produção e aumento salarial ou de postos de trabalho que levará a menos desemprego local, bla bla bla todo o ciclo económico que se estuda em qualquer cursozeco de economia e gestão e que se traduz e resume em felicidade para todos.


E voltando às férias. Chega-se então este momento tão querido do 2º semestre do ano. Chega-se, mais concretamente, aos dias que antecedem toda essa magia, e que de facto me levam a dissertar 5 minutinhos.

Nestes dias o que me assola o coração vai desde
-o caos que vai ser quando eu regressar de férias;
- a urgência em fazer o mais possível antes de ir embora para que a "máquina" não se note parada uma semana;
- o jogo de cintura na agenda de reuniões só para daqui a 15 dias de forma a que n se note que aqui operária vai de férias (maldita);
- a pressão dos que rodeiam "vais de férias???? (ar de choque seguido de um olhar travesso) humm"
- uma mini pontada de culpa porque estamos todos tão mal e em profunda crise e vai moi meme para Amesterdam sem olhar para trás.

Pronto, existe todo um outro conjunto de questões relevantes mas que são de teor mais fútil tipo roupa, vou andar muito até encontrar o hotel, terei ar condicionado decente, a comida será boa, as prostitutas vão me meter muita confusão, vou levar com vento e chuva na fronha, levo o cabelo liso ou encaracolado, levo apenas dois pares de botas, levo só vestidos ou também calças, caraças não sei dizer nada nada mesmo na língua deles...enfim... todo um mundo de questões que me vão passeando pela mente.


A dias de colocar a tão bela mensagem no email "estarei ausente até ao próximo dia.. Qualquer questão urgente contactar ..." penso como pode uma mísera semaninha de férias causar tanto pânico por estas bandas... Ou seja, mulher que é mulher que não pense em engravidar ou casar... porque aí a coisa prolonga-se por mais uns tempos e como é?? enquanto dou de amamentar o puto mando um email? ah como é bom de ver, e contra aquilo que eu sei que deveria fazer, não vou levar portatil ou mesmo telemovel da empresa.


Mas estas questões passam-me rápido porque logo percebo que já perdi 10 minutos a pensar na morte da bezerra e tenho muito para fazer antes de ir de férias.


certeris paribus

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Custa-me muito dizer "Não".

A oportunidade não surge assim ao virar da esquina; poder dizer não ou sim a um pedido formulado no âmbito profissional não é coisa que aconteça com frequência a quem, na relação laboral verticalmente considerada, está cá em baixo no 1.º degrau.
É que, por mais mania(s) que tenhamos, temos que concordar que tudo aquilo que parece um pedido do big boss, não traz consigo uma resposta opcional. Muitas vezes nem há espaço para resposta, é uma ordem sob a simulada forma de pedido (mas é assim que tem que ser) a que se segue uma acção. Podes fazer isto? E a pessoinha faz um movimento universalmente reconhecido como “já estou a tratar”.
As circunstâncias alteram-se quando os pedidos entram na nossa esfera de disponibilidade, isto é, quando, de pleno direito, podemos dizer sim, não, mais ou menos, nim. Ora, isso acontece essencialmente em duas situações: quando o andamento de um assunto depende da minha opinião – e aí santa paciência, prezo e respeito muito a minha autonomia técnica, e ainda mais a liberdade de opinião, que até já cá andava quando eu apareci neste mundo – e quando me pedem alguma coisa emprestada.
Pois. É nesta última situação que o problema verdadeiramente se coloca. Porque se uma coisa (coisa mesmo, materialmente existente) é minha, só eu posso dispor sobre ela. E posso dizer que NÃO a empresto. Mas não consigo.
Eu não me importo de emprestar as minhas coisas, mas às vezes aflige-me a quem empresto e outras o que empresto. Quando se juntam as duas, então é que temos drama. Porque há coisas pessoais, para uso exclusivo do seu proprietário, mas que os outros acham naturalmente transmissíveis, por isso pedem emprestado, como quem pede uma caneta bic quase sem carga. É aqui que entra o dilema com a minha incapacidade para dizer “não”. Um não peremptório, sem qualquer margem de negociação. Não consigo, pronto. Acho sempre que se fosse ao contrário levaria a mal; e que afinal aquilo é só um objecto, e por isso não vou emprestar porquê? E depois a imagem do gato-das-botas aparece-me na cabeça e inibe-me de vez. E acabo por emprestar mas com isso diminuir em muitas horas a minha esperança de vida.
Não estou para aqui a lengalengar sem propósito. É que já começou a consumir-me a iminência de me pedirem emprestado um objecto que eu considero daqueles que só se emprestam a título honoris causa. Não é o caso.
Vou dizer NÃO. Eu sou capaz. Nem pode ser um não fofinho, tem que ser forte e eficiente à primeira para não me perder em explicações. Vá, acho que consigo.


Mutatis Mutandis

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Não confio (nada mesmo):

Em pessoas que me convidam para tomar café e pedem chá. Tem-me acontecido nos últimos tempos. Com pessoas do sexo masculino, essencialmente.
Chateia-me não tanto o facto de não tomarem café como as justificações que dão para a situação: "Ah, depois não durmo..."; "Nunca tomo café à noite..."; "Ai, a cafeína..." (e uma expressão facial de agonia a acompanhar); "Isso faz mal...também não devias tomar"; "Não tomo café, não fumo nem bebo álcool".
À primeira, não se dá importância. À segunda, já há um certo receio mas relativiza-se a situação. À terceira, pensa-se "o que raio estou aqui a fazer?" e tem-se a perfeita consciência de que aquilo (o que quer que seja "aquilo") não vai dar certo.
Não tomar café não é um problema em si mesmo. Em vez de café, pode beber-se um whisky, um Vinho do Porto, um Licor Beirão, enfim, existe toda uma panóplia de opções. Mas não, bebem chá. CHÁ???
O chá tem um âmbito de aplicação muito próprio (quando estamos doentes, quando nos enrolamos no sofá a ver um filme e está um frio de morrer, quando lanchamos com a nossa avó, quando o almoço nos caiu mal, quando temos prisão de ventre...), não serve para um, vá lá, primeiro encontro (ou segundo ou terceiro). Até que a situação esteja devidamente definida, isto é, ou somos "apenas amigos" ou "um pouco mais que isso", não se pode ter o à vontadinha de beber um chazinho e com isso colar na testa o selo "TOTÓ".
Porque não é de homem, porque não é de quem está a tentar impressionar (que é o que se faz nos primeiros encontros), porque não é de quem possa sequer ponderar convidar-me para um segundo café. Ops, chá.
"Diz-me o que bebes e dir-te-ei quem és". Um homem que bebe chá num primeiro encontro é um homem sem vícios, extremamente cuidadoso com a saúde, soberbamente preocupado com os melefícios de cada alimento que ingere; é uma pessoa carente e que reclama atenção, mimos e cenas afins a cada instante (a minha estatística confere); é um homem, com grave probabilidade, hipocondríaco e com tendência para  comportamentos obsessivo-complusivos. Pode não ser nada assim, mas é o que penso.
Sinto-me enganada, vítima de um verdadeiro embuste, quando me convidam para tomar café e pedem chá.
É que prefiro saber  logo ao que vou e me convidem para "tomar um chazinho" (já me aconteceu, e lá está, o rapaz é vegetariano). Fico previamente esclarecida e com elementos suficientes para traçar um perfil.
Ora portanto, a menos que a pessoinha seja expert na indústria do chá (e isso já confere personalidade e carácter à situação), não acho piadinha nenhuma ao "para mim é um chá de cenoura, p.f.".
Não quer café? Bebe um whisky. Não bebe álcool? Então "o-que-raio-estou-aqui-a-fazer-com-este-puritano?".

Mutatis Mutandis

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Matar não, mas uma raspadela no ego era coisa para ser solução

Tão pequena (em importância) que eu sou e já tenho a mania que as hierarquias existem e que eu tenho alguns níveis abaixo do meu. Na verdade esta característica (mais conhecida por PDM) sempre me assistiu e verifico que, em boa verdade, por muito em baixo que se esteja existe sempre sempre quem ainda esteja mais abaixo (não significa que esteja melhor ou pior. Está mais em baixo, ponto final). Salvaguardo nesta minha visão das coisas que toda a vida tive muito e muitos níveis acima do meu e sei que assim será para todo o bonito sempre. Já no tempo de garotice me metia em aventuras onde me era incutida a lei da vida: hierarquias que existem para ser respeitadas e com o objectivo claro de fazer o Mundo rodar. (PS: Obrigada pai e mãe por me terem facultado bases sólidas de educação e saber-estar. E eu que achei que não faziam nada mais do que era suposto..afinal isto não é transversal a todas as famílias).


Ora que neste raciocínio me surge a indignação (termo carinhoso para exprimir a terrível raiva que me assombra o espírito e o coração) sempre que me deparo com almas que rejeitam esta forma natural de convivência humana, pessoal ou profissionalmente falando.


Vai daí que as bufadelas e respostas tortas seguidas a um pedido formulado por uma hierarquia acima tira-me do meu sério. Tira-me ainda mais do meu sério a fórmula Bufadela- Resposta torta- Ausência de qualidade reiterada em qualquer-merda-de-nada-que-se-faça.


Ora traduzindo: uma tipa(o) que não tem noção do seu posto no Mundo, que nunca faz nada em condições e ainda bufa a qualquer pedido que lhe seja dirigido, não dispensando um comentário torto em simultâneo, leva-me a pensar que a agressão física deveria ser legal e socialmente aceite.. porque é natural que se me escape uma mão se a coisa se virar para o meu lado. Mas não é nada comigo...para já....


Enquanto partir para a agressão física não for a solução óptima, veja apenas e só outra forma: em poucos minutos ensinar o que os paizinhos não fizeram ao longo destes anos de vida. E isso é coisa para arranhar o ego da(o) formanda(o).


Estou então a tentar formular pequenas frases para esse meu trabalho. Tinha pensado:
- A bufares dessa maneira ainda te saltam os pulmões pela boca.. não será melhor dares por terminado o teu estágio e ires recuperar o fôlego para casa? (inconveniente: eu não estou acima o suficiente para tomar essa decisão)

- Não quero de todo incomodar-te, e desde já te peço desculpa, mas ia jurar que estavas aqui para trabalhar... Mas se não estás, podias ia fazer o mesmo para outro sítio. (não vejo inconveniente algum mas não é suficientemente esclarecedor)
- Então se não te apetece fazer o que pedi, o que é que te apetece fazer? (pausa para ouvir resposta) Hum... pois, passa pelo RH e vai à tua vida. Desculpa ter-te incomodado este tempo mas de facto as nossa necessidades não se enquadram naquilo que te apetece fazer.. Antes de ires para casa passa já pelo Centro de Emprego, tira senha e talvez amanha te consigam atender. (Inconveniente: não tenho poder para tanto, mais uma vez, mas de resto acho que está impecável)
- A próxima bufadela, p.f., vais dar longe de mim porque senão obrigas-me a ser desagradável contigo. E já agora… o que te pedi… é para o dia X às X horas. Não estando pronto, escusas de voltar no dia seguinte.. (pronto tem o mesmo inconveniente…)

Posto isto vou-me manter sossegada enquanto a coisa não me está directamente ligada e a solução passará por uma olhadela torta e umas bufadela ligeira mas reveladora. Há quem considere que deveria passar por uma conversa sincera e cuidada...e até acho que pode dar os mesmos resultados.. mas isso vai exigir mais tempo de preparação do guião.

Já tinha referido que tenho a PDM? Para uns é defeito para outros é feitio. Eu acho que é uma solução para casos como este e outros que tais.

Ceteris Paribus