quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Não confio (nada mesmo):

Em pessoas que me convidam para tomar café e pedem chá. Tem-me acontecido nos últimos tempos. Com pessoas do sexo masculino, essencialmente.
Chateia-me não tanto o facto de não tomarem café como as justificações que dão para a situação: "Ah, depois não durmo..."; "Nunca tomo café à noite..."; "Ai, a cafeína..." (e uma expressão facial de agonia a acompanhar); "Isso faz mal...também não devias tomar"; "Não tomo café, não fumo nem bebo álcool".
À primeira, não se dá importância. À segunda, já há um certo receio mas relativiza-se a situação. À terceira, pensa-se "o que raio estou aqui a fazer?" e tem-se a perfeita consciência de que aquilo (o que quer que seja "aquilo") não vai dar certo.
Não tomar café não é um problema em si mesmo. Em vez de café, pode beber-se um whisky, um Vinho do Porto, um Licor Beirão, enfim, existe toda uma panóplia de opções. Mas não, bebem chá. CHÁ???
O chá tem um âmbito de aplicação muito próprio (quando estamos doentes, quando nos enrolamos no sofá a ver um filme e está um frio de morrer, quando lanchamos com a nossa avó, quando o almoço nos caiu mal, quando temos prisão de ventre...), não serve para um, vá lá, primeiro encontro (ou segundo ou terceiro). Até que a situação esteja devidamente definida, isto é, ou somos "apenas amigos" ou "um pouco mais que isso", não se pode ter o à vontadinha de beber um chazinho e com isso colar na testa o selo "TOTÓ".
Porque não é de homem, porque não é de quem está a tentar impressionar (que é o que se faz nos primeiros encontros), porque não é de quem possa sequer ponderar convidar-me para um segundo café. Ops, chá.
"Diz-me o que bebes e dir-te-ei quem és". Um homem que bebe chá num primeiro encontro é um homem sem vícios, extremamente cuidadoso com a saúde, soberbamente preocupado com os melefícios de cada alimento que ingere; é uma pessoa carente e que reclama atenção, mimos e cenas afins a cada instante (a minha estatística confere); é um homem, com grave probabilidade, hipocondríaco e com tendência para  comportamentos obsessivo-complusivos. Pode não ser nada assim, mas é o que penso.
Sinto-me enganada, vítima de um verdadeiro embuste, quando me convidam para tomar café e pedem chá.
É que prefiro saber  logo ao que vou e me convidem para "tomar um chazinho" (já me aconteceu, e lá está, o rapaz é vegetariano). Fico previamente esclarecida e com elementos suficientes para traçar um perfil.
Ora portanto, a menos que a pessoinha seja expert na indústria do chá (e isso já confere personalidade e carácter à situação), não acho piadinha nenhuma ao "para mim é um chá de cenoura, p.f.".
Não quer café? Bebe um whisky. Não bebe álcool? Então "o-que-raio-estou-aqui-a-fazer-com-este-puritano?".

Mutatis Mutandis