quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Estranho e não entranho #2

figuras (aparentemente) masculinas que me pedem para os ir buscar não sei onde e lhes dê boleia para algures.

Xiça, sou, antes de mais, uma menina e, orgulhosamente, das antiguinhas. Isto é, na minha ideia de Mundo, as mulheres não têm como obrigação fazer coisas declaradamente da responsabilidade do homem. Já diria um senhor, um verdadeiro senhor, "eu não te peço para saberes cuidar do teu carro da mesma forma que não te vou incomodar quando estiveres a lavar a loiça" (óbvio que teve de acompanhar este comentário de um "ah ah ah" para não ferir eventuais susceptibilidades e ter-se apenas como quem manda a boca em tom de piada, mas manda!)

Ora eu não acho que venha mal ao mundo se eu tiver de trocar um pneu.. já acho completamente descabido que um homem me peça para eu mudar um pneu... Não vem mal ao mundo se eu me oferecer (analisada a situação e considerando-se adequado) para ir buscar o moço a casa (assim de repente não vejo situação cabível nisto a menos que ele esteja temporariamente sem carro e eu quiser muito estar com ele e não for um dos primeiros 50 encontros). Já me parece um mau indicador, sobre todo um amplo leque de outras questões, se ele me disser "vem-me buscar e vamos tomar cafe". Ele dizer-me "faço questão de te ajudar a lavar a loiça" é aceitável e até bonito. Eu dizer-lhe "vai lavar a loiça" e ele ir... faz me uma certa confusão. Pah pronto, são ideias.

No Mundo ideal, o homem tem como pressuposto da sua existência o ser cavalheiro, o homem da casa, o que comanda as tropas e assume as tarefas de maior desgaste físico.

A mesma lógica se aplica no âmbito profissional, onde eu não deixo de ser uma menina, orgulhosamente, das antiguinhas. "Venha-me buscar aos escritório e vamos ali fazer a tal reunião". O quê?? Para mim é mau indicador, pronto. E é de tal forma inacreditável que me deixa sem resposta e lá vou eu, corada (com aquele sentimento de "vergonha alheia"*), buscar o senhor.

*vergonha alheia é aquele sentimento que nos assiste quando alguem, sem vergonha alguma, faz ou diz algo de que se devia envergonhar. Mas não se envergonha. E esse sentimento é tomado por mim.

ceteris paribus