sexta-feira, 20 de julho de 2012

"Nem o pai morre nem a gente almoça"

É o que me apraz dizer.  O boss não chega, os nervos aumentam, há um certo bloqueio psicomotor a dominar-me. Para ajudar, a tipa que trabalha ao meu lado dialoga consigo mesma e assoa-se como quem quer que o rim lhe saia pelo nariz. Perguntei-me várias vezes como é possível que uma pessoa que nem 1,50m tem consegue fazer o basqueiro que 20 pessoas teriam que se esforçar muito para fazer. E quando ela se lembra de vir para o gabinete com a sua tigela de leite com maçã e bolachas misturadas? Seria pertinente, nessas alturas, permitir visitas de estudo a alunos de ciências da natureza, para que pudessem acompanhar todo o processo digestivo. Do bolo alimentar aos gases gástricos, todo o processo é devidamente disponibilizado ao observador. Enfim, um subaproveitado museu vivo do aparelho digestivo. Como nem eu nem a outra colega somos pessoas muito ligadas à ciência, ausentamo-nos durante essas sessões de demonstração.
Mas há mais para oferecer. Neste momento ela é a única concorrente, mas certamente não faltariam outros para o concurso "quem consegue engolir mais água por microssegundo". Não é para amadores virar a garrafa goela abaixo como quem despeja água por um cano desimpedido.
E o comportamento de matarruana? Ninguém a supera. Seria necessário muito treino para que outra pessoa conseguisse ser tão inconveniente, tão sem "saber-estar", tão sem jeitos e maneiras. Certo dia, numa situação profissional de alto nível, e até com acompanhamento mediático (na qual acompanhávamos o boss, salve-nos o papel de meras figurantes), aproveitou um intervalinho e sacou da sua sandes, embrulhada num saco de papel - que não desgrudou da sandes, de tal forma que deve ter levado umas valentes dentadas - e alimentou-se ali mesmo. Não contente, gritou-me (estava eu a uns 5 metros dela): queres um bocadinho? Apreciei a simpatia mas quis muito que se abrisse um buraco no chão para onde eu pudesse cair discretamente.
[Agora que libertei energias, vou ver se o boss chega ou se é preciso ir lá eu].

MM