terça-feira, 22 de abril de 2014

Apetece-me apagar o último post. Se isso fosse solução, se isso apagasse os últimos e os próximos dias, era o que faria. Mas sei que não. Foi só há cinco dias e hoje o que sinto é simplesmente vergonha de ser verdade o que lá ficou dito. Apaixonei-me. Erro crasso. Imperdoável. Achava mesmo que já tinha aprendido algumas coisas nesta vida. Uma delas era ter alguma prudência nestes assuntos. Outra era saber levar um chuto com alguma classe. Nem tive prudência nem estou a ter classe no chuto que levei. De nada valem as experiências passadas, cada chuto parece sempre o primeiro. 
Não é dizível o quão na merda estou.  Quem está de fora facilmente consegue dizer (e perceber) que ele é um estupor, um merdas, um filho da mãe da pior espécie. É seguir em frente, por uma pedra no assunto, que até tinhas concordado que ele ficava bastante aquém da tua construção de homem medianamente ideal. A perda não é significativa, pensa bem. 
Pois, talvez um dia eu também veja as coisas com essa clareza. Por enquanto, a culpa é só minha. Sou eu que não valho nada e ele percebeu isso. Não, não me vou atirar da ponte nem cortar os pulsos, mas vou atormentar-me com esta constatação até que o tempo me consiga dizer que quem não vale nada é ele, que no fundo eu sou espectacular, para cima de interessante, giríssima e bem resolvida, segura de mim e o diabo a quatro. 
O que torna a história especialmente interessante é o facto de não haver uma única explicação. Não tive direito a qualquer conversa cliché. Não tive direito a uma mentira. Nem a uma verdade dura de ouvir. Nada. O homem esfumou-se.
A começar pela morte imediata num acidente de frente com um camião, passando pela simples perda de memória na sequência daquele mesmo evento ou uma doença súbita e totalmente incapacitante, pensei em todas as razões minimamente razoáveis para a falta de notícias. Mas eu que me acalme, que o homem está vivo, de boa saúde e de bem com a vida, a julgar pelas partilhas descontraídas que faz no Facebook.
Os meus dias vão variando entre a depressão pura, o "ele que se lixe", a certeza de não querer mais nada com ele e a esperança de que alguma coisa muito lógica justifique isto.
Deixo o telemóvel longe de mim porque acho que se estiver comigo não vai tocar. De 5 em 5 minutos vou ao Facebook. De meia em meia hora vou ver o telemóvel, cheia de esperança. Uma chamada não atendida ou uma SMS e entro em taquicardia. Não, não foi ele. Foi a Intimissimi a pôr o dedo na ferida com promoções, foi aquele rapaz que não me interessa, foi a mãe, foi toda a gente menos ele. 
E assim nasce uma louca.

MM