quarta-feira, 25 de junho de 2014

Arrastar-me para o trabalho é de uma penosidade tal que a palavra "tortura" eleva-se a um outro nível. Depois do fulgor laboral que sempre precede um feriado, o regresso, depois desse feriado, é como quem me arranca cada uma das 20 unhas num processo minuciosamente lento.
O meu aspecto denuncia 3 horinhas de sono conturbado (não dormisses ontem até às 15h00) e todo um entusiasmo frenético por estar neste mundo.
A propósito do feriado, Saint John, os seguintes pensamentos dispersos:
- É capaz de ser chato passar do moet chandon para a sangria da tia micas servida no copinho de plástico;
- Vi a versatilidade e a capacidade de adaptação atingirem a sua máxima concretização. Posso morrer em paz;
- A amizade tem as suas intermitências. Ou as suas modalidades;
- É desagradável quando se constata que as pessoas do "plano b" tiveram uma noite muito mais animada.
Adiante.
Le exécrable mudou de casa. É tão burro que antes de me mandar às urtigas disse-me exactamente que apartamento pretendia comprar. "São aquelas quatro janelas". Tenho passado, por mero acaso, pelas "quatro janelas". E também por acaso vi-o entrar na garagem das "quatro janelas", depois a dirigir-se ao café ao lado das "quatro janelas", onde esteve, não sei, não reparei, mas mais ou menos 23 minutos, sozinho ('tadinho) e, por fim, arrastado pela solidão, a dirigir-se para o seu novo templo. 
É preciso muito azar para o gajo que me deu com os pés mudar de casa e viver, AGORA, a menos de 1km de mim. Não fossem as árvores a mostrar a sua valentia primaveril, conseguia ver da minha janela "as quatro janelas". Mas são de folha caduca, as fofas, e no Inverno quaisquer binóculos permitirão observar toda a la movida do templo. Longe de mim espreitar as vidas alheias, mas sou uma apaixonada pela natureza e tenho por hobby por-me à janela de binóculos à procura de passarinhos que pousam delicadamente nos parapeitos das janelas. Vai que pousa um numa das "quatro janelas", não vou desviar o olhar, não é?
Esta semana vai terminar em grande, com duas crateras no queixo, cerca de 15 Kg a mais e um encontro matinal com Monsieur Le exécrable. Conto embriagar-me a partir das 18 h de sexta-feira. Vai ser um misto entre afogar mágoas e festejar o telefonema que a CP vai receber, em que lhe dirão: "Está tudo bem. E já agora, desculpe te-la alarmado, sabe, costumo lidar com gente que come livros de medicina ao pequeno almoço. Eu sou uma besta mas pronto, we always have internet".

MM