Contextualização:
- Ele (esse) tentou ligar-me a meio da tarde de um dia a meio da semana.
- Não me limitei a não atender, quis marcar posição e rejeitei a chamada.
- Não devolvi a chamada.
- Senti algum inchaço de orgulho em mim própria. Pela indiferença demonstrada e verdadeiramente sentida.
Apesar disso,
- Porra, ele telefonou-me para quê? O que raio é que ele pode querer de mim? Tem que ser algum assunto de trabalho, só pode, mas qual, porquê?
Vai daí,
- Reunião extraordinária com a CP para averiguação de hipóteses e razões para o sucedido.
- Chegámos então a 4 ou 5 razões possíveis para aquele telefonema.
- Antevendo o encontro a acontecer na manhã de hoje (o 2.º da semana!), preparámos 6 discursos diferentes para reagir a 10 tipos de abordagem.
- Pontos obrigatórios do discurso: não mencionar o telefonema; falar objectivamente sobre assuntos de trabalho ainda pendentes; olhar de cima; Poker face para qualquer tipo de alusão a assuntos pessoais; três ou quatro chavões impreteríveis.
Sexta-feira, 10h00:
- Vestida a preceito (se bem que não me sentia assim nada espectacular).
- Companhia masculina. Um tipo novo, com bom ar e sem fazer a mínima ideia das razões da sua convocação.
- Preparadíssima.
Sucede que,
O gajo aparece. Vê-me. Olha de cima a baixo o meu compincha. Segue. Indiferente.Sem me falar.
1.º pensamento: fo**-se. A sério? Fooooo**-se. E agora?
Fervi tanto que, num ímpeto, foquei-o, dirigi-me a ele, cumprimentei-o e disse: "telefonaste-me...querias o quê?". "Queria saber para que horas tinha ficado isto".
Conclusão:
- Aconteceu a única coisa em que não pensei,
- Fiz tudo o que não queria fazer,
- Ele justificou o telefonema com a coisa que nem de longe me passou pela cabeça.
É um Senhor.
MM