segunda-feira, 12 de setembro de 2011

From old school, with love.

Sou do tempo do escudo, dos quadros de lousa e do giz. Aprendi a escrever com instrumentos rudimentares, como caneta bic, lápis e um caderno sem qualquer ornamento catita. E o mundo parecia perfeito assim. Depois vieram as minas e as lapiseiras e as canetas de cor com cheiro e às tantas todo o material escolar tinha que estar em harmonia de cores e estilo. O que variou entre aquela e esta fase foi simplesmente o aspecto dos trabalhos, agora mais compostinhos e abrilhantados. Continuava a escrever à unha, a ter que revirar livros e enciclopédias e muitas vezes a consultar os meus pais para sacar alguma informação. Cada trabalho era resultado de longas horas e de muito esforço criativo.
Por volta do meu 9.º ano, apareceu lá por casa o primeiro computador. Trabalhos fantásticos, com bonequinhos a ilustrar o que lá se dizia. Mas o sumo da questão continuava a exigir o mesmo: livros, pais, capacidade de desenrasque.
Depois veio a Internet. E o google. E a wikipédia. E hoje em dia nenhum puto precisa, nem quer, nem lhe é exigido, consultar uma enciclopédia, ter o trabalho de ir "chafurdar" na biblioteca da escola ou mesmo abrir um dicionário de língua portuguesa. Está tudo à distância de um clic. Googlar é um verbo e está tudo explicado.
Tenho para mim que tudo isto resulta num facilitismo pouco profícuo à evolução do intelecto das criancinhas. Mas isso são outros quinhentos, fica para outra hora.
O que aqui interessa é que eu, que vivi no tempo da lousa e do giz e das comunicações via CTT e das cabines telefónicas, orgulhando-me disso, tenho que me redimir e assumir que não vivo sem a merda da tecnologia.
Escrever em papel, à la mano, é tão raro que não reconheço a minha letra. Telemóvel? Tenho 2 (um pessoal e outro de trabalho) e não concebo a minha vida de outra maneira. Viver sem Outlook? Fora de questão. Falar com as pessoas com quem trabalho? É melhor por email, sempre fica registado. Combinar um café ou uma jantarada? No Facebook. Estar actualizada? Jornal online. O dossier 1530? Está no servidor.
E já por várias vezes me assaltou a pergunta: como raio é que as pessoas, maxime as que exercem a mesma actividade profissional que eu, trabalhavam na era pré-tecnológica? Não sei como faziam, mas têm toda a minha admiração, porque eu não conseguiria.


Tudo isto porque hoje a Internet falhou e eu fiquei sem condições de trabalho.

Mutatis Mutandis